Parece que foi ontem, mas lá se vão 17 anos desde que foi ao ar uma das temporadas de maior sucesso da Malhação. Com foco no conjunto musical Vagabanda, a fase de 2004 lançou nomes como Marjorie Estiano, Bruno Ferrari e Danni Suzuki. Foi a estreia também de Laila Zaid, que divertiu o público na pele de Bel. Se você está se perguntando “por onde anda a ruivinha da Malhação?”, a coluna de hoje mostra o que a atriz, e agora escritora, tem feito nos últimos anos.
Longe da telinha desde que interpretou a ousada Ludmila em Orgulho e Paixão (2018), Laila tem levado a sério aquela máxima de que, para ser uma pessoa completa, é preciso “ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro”. Mãe de Clara, quatro anos, e Tom, um aninho, no início da pandemia, ela se mudou com a família para um sítio na região serrana do Rio de Janeiro. A última realização da moça foi o lançamento, no início do mês, do livro infantil Manual para Super-heróis: o Início da Revolução Sustentável (editora Melhoramentos, R$ 29,99, preço médio) obra que ensina as crianças a viverem em harmonia com a natureza.
Em bate-papo por e-mail, Laila conta como foi essa transição da vida urbana para um ambiente repleto de verde e como se preocupa em criar os filhos em um mundo mais sustentável.
Como foi essa transição para uma vida mais natural, longe da cidade grande e em contato com a natureza?
Radical (risos)! Sempre amei estar na natureza, mas não achei que viria morar no mato com crianças tão pequenas e dessa forma. A pandemia nos trouxe para cá, um sítio na serra carioca. Tão isolado que, se queremos comprar pão, precisamos dirigir por meia hora. Quando chegamos aqui, não tínhamos internet e ainda não temos sinal de telefone. E, mesmo assim, foi mágico! O contato intenso com a natureza é maravilhoso. Ver meus filhos crescendo aqui me enche de alegria.
O que você tenta passar para os seus filhos no que diz respeito aos cuidados com o ambiente? Quais são as dificuldades e os prazeres de inserir as crianças neste universo sustentável?
Tento fazer com que eles saibam o principal: somos natureza. Cuidar dela é a nossa preservação. E é lindo ver eles plantando, colhendo, comendo bem, se relacionando com os animais. Mas, é lógico que uma vida sustentável, às vezes, não é uma vida tão prática, mas acaba sendo bem mais prazerosa, como se você desse conta da sua vida. Não sei se sei explicar a satisfação que sinto ao compostar meu lixo. Talvez algumas restrições de consumo possam ser difíceis no início, mas depois de um tempo, você se torna aquilo, nem lembra mais do que era. Acho que quando voltarmos para a cidade e meus filhos forem bombardeados pelo consumismo, talvez seja mais difícil explicar o porquê de algumas escolhas, mas, por enquanto, estamos indo bem (risos)!
Sua primeira personagem de destaque na TV, a Bel de Malhação, já tinha uma vibe meio "hippie", usava roupas despojadas e não tinha a preocupação consumista que a maioria das adolescentes. A Laila daquela época já tinha essas preocupações ecológicas ou isso veio com o tempo e a maturidade?
Com certeza, fui escalada para fazer a Bel porque viram semelhanças na gente. Eu sempre fui meio desapegada desse consumo doido, meu pai era um hippie! O tempo me trouxe a tranquilidade de assumir que não preciso ter para ser e a possibilidade de fazer mais escolhas no sentido do que eu acredito.
Como a maternidade impactou o seu olhar sobre o mundo e as questões ambientais?
A maternidade acaba nos trazendo mais urgência. Mas, sou conectada às questões ambientais há muito tempo. Meus filhos só me trazem a vontade de que haja uma transformação o quanto antes, porque se tudo se mantiver como está, eles serão diretamente impactados. Isso é assustador.
O público não a vê na telinha desde Orgulho e Paixão. Ainda recebe retorno sobre seus trabalhos, principalmente da personagem de Malhação?
Engravidei no final das gravações de Orgulho e Paixão. Ainda amamentando, fiz (o filme) Pai em Dobro, da Netflix e, pouquíssimo tempo depois, a pandemia estourou aqui. Ainda consegui fazer um filme durante a pandemia, Lacuna, do diretor Rodrigo Lages, que sairá pela Globoplay, mas não me vejo fazendo novelas agora. Quero ser vacinada antes! Mas, com certeza, recebo muito retorno do meu trabalho. Me divirto muito, inclusive quando sou chamada de Bel tanto anos depois.
Dois filhos, imagino que tenha plantado bastante neste período
de isolamento e, agora, o livro.
Falta alguma coisa para você se sentir plenamente realizada?
Plantei muito (risos)! Me sinto bem realizada mesmo. Quero fazer muito mais, mas, hoje, estou bem feliz!