Na manhã desta quinta-feira (29), dia em que completa 85 anos, o ator Dedé Santana fez um balanço de sua carreira no programa Timeline, da Rádio Gaúcha. Nos últimos anos, o ex-Trapalhão tem se dedicado ao teatro, mas teve de paralisar seus projetos por conta da pandemia.
— Não tá sendo fácil não, mas eu tô descobrindo novos amigos. Sabe onde estive agora? Em São Luís do Maranhão, onde eu descobri um grupo, Muleque Té Doido. São uns caras meio Trapalhões, mas mais modernos que Os Trapalhões, e eles me convidaram pra fazer uma participação nos filmes deles. Então tô descobrindo novos valores, novos amigos. É como a gente tá se defendendo.
Natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, o humorista vem de uma família de artistas circenses. Essa experiência o ajudou a chegar à TV, atuando em Os Trapalhões ao lado de Didi, Mussum e Zacarias.
— O Renato (Aragão, o Didi) sempre foi a cabeça pensante do negócio. Eu era um trabalhador braçal: eu fazia as piadas, falava pra nos jogarmos no chão, pra fazer isso, e aquilo. Era um palhaço de circo. Eu me orgulho de ter levado o humor circense pra televisão, porque eu passei isso pros outros três.
Dedé lembra que Didi sempre cobrou pontualidade dos Trapalhões e que aprendeu muito com o colega. O quarteto formado em 1974 ficou junto até 1990, quando Zacarias faleceu. Depois, o programa de TV seguiu no ar até 1995, mas não com a formação original.
— A convivência era muito boa. Eu recebi um telefonema agora do Renato Aragão, muito emocionado, me dando os parabéns, pedindo pra eu ter força, continuar lutando, me dando parabéns pela minha força aos 85 anos — contou Dedé. — Temos um projeto, um filme na Globo, que paramos por causa da pandemia. E ele disse que vamos conseguir, que isso vai passar, e ele me emocionou muito hoje.
Dedé conta que chamava Didi de "véio" nos bastidores do programa, apelido que o colega não gostava muito. Apesar disso, a relação sempre foi de companheirismo.
— No começo da carreira, eu tava muito melhor que ele, tava trabalhando no teatro, fazia shows noturnos, e eu tava muito bem de dinheiro. O Renato não tava muito bem, e, de repente, ele precisava comprar um carro e faltava tanto pra entrada. Eu arrumei o dinheiro pra ele, que depois ele me pagou — contou o ex-Trapalhão. — E teve uma época, agora, que eu precisei dele. Ele foi lá, fez um cheque e me entregou. Eu falei: "Olha Renato, em 70 dias eu te devolvo". E ele disse: "Se você devolver, eu vou ser seu inimigo, eu vou brigar com você, não vou mais ser seu amigo. Eu te devo muito mais do que isso". Então, esse cara é ou não é meu amigo? — acrescentou.