Um furacão volta a varrer o horário das sete a partir de hoje. Quase um ano depois, Salve-se Quem Puder retorna à telinha, desde o início, para, em seguida, ter seus capítulos inéditos exibidos. Para quem não viu como as aventuras de Alexia (Deborah Secco), Kyra (Vitória Strada) e Luna (Juliana Paiva) começaram, é a chance de acompanhar tudo. E, para os fãs do trio, vale a pena rever como as vidas das moças se entrelaçaram.
O clima de comédia, característico da trama de Daniel Ortiz, também permeou o bate-papo do elenco com a imprensa na semana passada. Ansiosos pela volta da novela, atores e atrizes, além do autor, contam um pouco sobre os medos e dúvidas lá do início da pandemia, em março de 2020.
Espanto e incredulidade
Um ano atrás, parecia impossível que as atividades nos Estúdios Globo fossem totalmente paralisadas. Por isso, houve quem achasse que era pegadinha, como aconteceu com Flávia Alessandra, intérprete de Helena.
— O Daniel (Ortiz, autor) sempre foi muito brincalhão. Eu não acreditei quando ele disse que eu precisaria gravar algumas cenas antes de a novela sair do ar. A gente, que é da velha guarda, nunca viu isso — conta Flávia, que relatou nunca ter vivido nada parecido em 35 anos de emissora.
Outra veterana que levou um susto ao ser avisada sobre a parada nas gravações foi Deborah Secco. Em três décadas de carreira, a atriz entrou em pânico com a situação na época:
— Foi muito traumático. Eu lembro que, no último dia, a gente não sabia se ia voltar ou não. Fiquei com medo de não saber mais fazer a Alexia.
Além da ficção
De uma hora para outra, o título da novela das sete passou a representar exatamente o que o mundo estava vivenciando. Tanto que, ao verem a hashtag #salvesequempuder nas redes sociais, as protagonistas chegaram a pensar que se tratava apenas de informações sobre a novela. Incrédulas, perceberam que era um sentimento comum a pessoas de todas as partes do planeta. Os fãs da trama, na internet, começaram a cogitar uma interrupção da história.
— Eu li que a novela ainda ia parar, mas achei que seria impossível, “que pessoas loucas”. De repente, todo mundo foi mandado de volta para casa — relembra Deborah.
O que parecia impossível logo se tornou realidade. Em meados de março, o elenco gravou suas últimas cenas antes da paralisação. O último capítulo inédito de Salve-se Quem Puder foi ao ar no dia 28 daquele mês.
Juliana Paiva, a Luna, conta que levou um tempo para entender a seriedade do que estava acontecendo. Há um ano, a atriz viu as primeiras pessoas usando máscaras no supermercado e levou um susto:
— Eu senti medo, porque pensava que elas estavam com o vírus. Não era igual hoje, que a gente entende (os protocolos). Ainda recebi um telefonema do Daniel, que me mandou sair de lá imediatamente, porque eu teria que ir para a Globo gravar.
Para a gaúcha Vitória Strada, que interpreta a atrapalhada Kyra, os primeiros sentimentos foram de incredulidade e espanto:
— Eu ficava rindo, imagina gravar uma novela assim. Aí, corta para agosto, com a gente contracenando com um acrílico no meio.
Comédia e ação
O elenco só voltaria aos estúdios em agosto, quando gravou os capítulos que restavam para a finalização da trama. Assim como Amor de Mãe, Salve-se Quem Puder também foi encurtada em vários capítulos. As cenas foram adaptadas aos novos protocolos de higienização e distanciamento, mas sem perder a essência da história. A comédia e a ação estarão presentes na segunda fase, talvez até mais do que antes, revela Deborah:
– A segunda fase não deixa nada a desejar à primeira. Eu acho que é até muito mais engraçada. Ortiz não mediu esforços, vamos entregar um produto na mesma vibração que antes.
Os capítulos inéditos de Salve-se Quem Puder são esperados com ansiedade pelos telespectadores. A expectativa é grande em torno da grande vilã Dominique, que terminou a primeira fase com uma arma apontada para Luna. Guilhermina Guinle não vê a hora de acompanhar a repercussão das maldades de sua personagem:
— O Daniel Ortiz ter escrito um gancho para a interrupção da novela, com a minha personagem envolvida, foi muito marcante para mim. E ainda mais a gente conseguir encaixar a continuação disso, quase cinco meses depois, quando voltamos a gravar, tentando reproduzir tudo da melhor forma possível.
Rotina surreal
Os protocolos de segurança foram seguidos à risca no período das gravações. Juliana conta que algumas cenas a deixaram sem ar. Literalmente.
— O meu cabelo escondia o elástico (da máscara) quando eu estava de costas. E se a gente tinha que se aproximar, prometia até não respirar para tornar tudo mais seguro — explica.
Tantos cuidados provocaram até algumas situações curiosas. Juliana entrega uma história engraçada dos bastidores, envolvendo seu par romântico, Felipe Simas, intérprete de Téo:
– Ele foi tirar a máscara para gravar e, quando vi, estava com um pedaço de esparadrapo grudado no rosto. É engraçado, mas a gente teve que se reinventar.
Sem pandemia
Se em Amor de Mãe a autora Manuela Dias optou por inserir a pandemia na novela, Daniel Ortiz escolheu seguir um caminho diferente. Não há qualquer menção ao coronavírus na trama.
— Fiquei imaginando que colocar o coronavírus na novela seria pesado. Primeiro, porque iria alterar toda a dinâmica da história. Segundo, porque é uma novela das sete, exibida entre dois telejornais. Decidimos tentar fazer o melhor que poderíamos — destaca o autor.