Se até 2014 era comum vermos casais chegando juntos à final do Big Brother Brasil, nos últimos anos, os romances acabaram perdendo protagonismo no reality. Como exemplo, no BBB 15, o relacionamento complicado entre Fernando, Amanda e Aline não agradou os telespectadores. O mesmo ocorreu com Cacau e Matheus, no BBB 16, e Paula e Breno, no BBB 18.
Já no BBB 20, Marcela começou a perder seu favoritismo ao prêmio de R$ 1,5 milhão após iniciar o relacionamento com Daniel. Agora, seis semanas após o início do BBB 21, Carla e Arthur foram os únicos a engatarem um relacionamento oficial. O casal, no entanto, não tem animado os fãs do programa, que criaram até memes sobre a suposta falta de química entre a atriz e o instrutor de crossfit.
O que mudou?
Para quem acompanha o reality desde o início, a falta de protagonismo dos casais nos últimos anos pode causar estranhamento. Afinal, os namoros marcaram as primeiras edições, casos de Manuela e Thyrso, do BBB 2, Sabrina e Dhomini, do BBB 3, Íris, Alemão e Fani, do BBB 7, e Max e Francine, do BBB 9.
Vítimas de perseguição por parte dos colegas de confinamento, esses participantes ganhavam a simpatia do público e chegavam longe em suas edições.
Para a doutora em Comunicação e professora da PUC-Rio Ana Paula Gonçalves, o movimento começou antes da estreia do BBB.
— Na Casa dos Artistas, o Supla e a Bárbara Paz foram o casal finalista. Minha hipótese é de que ali começou uma "tradição" baseada numa narrativa de folhetim mesmo: tinha um casal principal, tinha o antagonista e o grupo "do mal" que queria separar o casal. A gente vê isso com Sabrina e Dhomini, que todos queriam tirar do programa, e o ápice chega no BBB 7, com o Alemão.
Para a pesquisadora, o formato começou a se esgotar quando o público percebeu que os participantes já entravam com a estratégia de formar casal. Junto a isso, uma mudança na sociedade fez com que o público se mobilizasse menos para conflitos românticos do que para pautas como desigualdade e diversidade. Isso se refletiu em novas abordagens nas novelas e também no BBB.
— A direção do programa percebeu que se nem na telenovela o casal clássico do folhetim estava acontecendo mais, por que isso estaria ocorrendo no BBB? E aí ela começa a colocar pessoas diferentes. Sai o discurso "novelão" para entrar um discurso mais social.
O divisor de águas nas dinâmicas do programa foi o casal Clara e Vanessa, do BBB 14. O primeiro relacionamento homossexual do programa mobilizou o público, dividido entre os que achavam que a dupla queria chamar atenção e os que apoiavam o relacionamento.
Situação semelhante ocorreu com Lucas e Gilberto, dentro da casa do BBB 21. Após se beijarem em uma festa, os colegas de confinamento começaram a acusar o ator de estar usando o economista para melhorar sua imagem no jogo. A pressão foi tanta que resultou no pedido de Lucas para sair do programa.
Para o professor de Direção de Programas da UFMT, Claudino Mayer, após a saída de Lucas do BBB 21, o programa não teve espaço para casais se sobressaírem.
— A narrativa agora é baseada nos vilões, sem necessariamente um mocinho, assim como ocorre em A Força do Querer, por exemplo, em que se têm vários vilões — analisa o pesquisador. — Até agora tivemos conflitos fortes, mas nenhum envolvendo um casal.
Com a saída de Lumena e a permanência apenas de Projota do grupo de vilões, a tendência é de que as dinâmicas do BBB 21 mudem nos próximos dias. Mesmo assim, é improvável que um dos casais se torne protagonista, já que Carla e Arthur têm se afastado e estão até falando em término.
Thaís e Fiuk, apesar de terem se aproximado mais nos últimos dias e se beijado novamente na festa de quarta-feira (3), parecem que vão ficar apenas em uma espécie de "amizade colorida". Até o momento, eles também não contam com torcidas mobilizadas do lado de fora.
Quem sente falta de acompanhar um romance real pela telinha provavelmente terá de esperar mais uma edição do Big Brother Brasil. Ao que tudo indica, os casais seguirão como coadjuvantes no BBB 21.