O projeto de relançamentos de novelas do Globoplay ganha um título de peso nesta segunda-feira (7): Kubanacan (2003). Sucesso na faixa das sete, a trama de Carlos Lombardi jamais foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo e tampouco no canal pago Viva - o que aqueceu a expectativa de fãs nas redes sociais. Desde o anúncio da reestreia, em novembro, muitos espectadores vinham aguardando a possibilidade de fazer maratona dos 227 capítulos.
Para entender o sucesso de Kubanacan, é preciso saber que sua quantidade de absurdos é tão grande que muita gente ficou sem entender o final. O tom quase pastelão da história, com atores vivendo mais de um personagem, também garantiu o carinho do público e está no topo da lista dos motivos para maratonar.
O show de situações inusitadas começa no primeiro capítulo. Um homem desmemoriado, com um tiro no peito, cai no mar da colônia de pescadores da cidade de Santiago, na ilha fictícia de Kubanacan. Sem lembrar de muita coisa, ele acaba sendo batizado como Esteban (Marcos Pasquim) e passa a investigar seu passado, ao mesmo tempo que tem uma ânsia por liderar o povo.
Esta vontade de se destacar é impulsionada, principalmente, pela administração local. Kubanacan é conhecida por sua corrupção e, três anos após ser eleito, o professor e presidente Rúbio Montenegro (Stênio Garcia) morre em uma briga com o general Camacho (Humberto Martins). O líder do exército, então, antecipa um golpe que planejava com as forças armadas.
Anos depois, Camacho começa a se envolver com Marisol (Danielle Winits), que desenvolveu uma paixão por Esteban logo após largar Enrico (Vladmir Brichta). Enrico, por sua vez, foi ajudado por Lola (Adriana Esteves), que também tem um envolvimento com Esteban. É isso mesmo: o pescador parrudo está em todos lugares.
O protagonista
Ao longo da trama, o protagonista descobre que tem um irmão gêmeo, sofre de dupla personalidade e outros distúrbios. No fim da novela, ao fazer uma contagem, descobrimos que Marcos Pasquim vive cinco personagens diferentes - todos eles descamisados, é claro.
O excesso de cenas somente de bermuda, por exemplo, levou Kubanacan a ser alvo de várias reclamações por nudez na época, o que também inviabilizou a reprise durante as tardes da Globo. Ao todo, foram 130 denúncias no período, segundo o Estadão.
Muitas histórias em uma só
Para poder realizar tantas subtramas, o folhetim também ficou conhecido pelo excesso de participações especiais - em oito meses, surgiram 80 novos personagens na história. A maioria deles aparecia, sempre com origem desconhecida, trazendo dicas sobre a identidade de Esteban. Silvia Pfeifer, Regina Duarte, Gisele Itié, Cristiana Oliveira e Vanessa Gerbelli foram algumas das atrizes que fizeram pontas.
Além das confusões amorosas e a crítica social sobre um governo impositivo, Kubanacan está na memória afetiva por também ter um núcleo humorístico forte, protagonizado por Nair Belo e Lolita Rodrigues. As duas renomadas atrizes da TV brasileira interpretavam vizinhas que se odiavam e viviam em pé de guerra, com situações inesperadas.
Outro destaque é a trilha sonora. A grande maioria das canções eram em espanhol, como a música de abertura Coubanakan, de Ney Matogrosso, mas também havia composições em português de Elza Soares, Eu só me ligo em você, e até Sidney Magal, Mulher.