Identificar jovens talentos e fazê-los brilhar nas suas produções é uma reconhecida característica do coreógrafo e diretor americano Kenny Ortega. Após revelar astros adolescentes em filmes das franquias High School Musical e Descendentes, Ortega lança luz para a novata Madison Reyes, em Julie and the Phantoms, série recentemente lançada pela Netflix. Trata-se de uma adaptação da produção brasileira Julie e os Fantasmas.
Esta é a primeira vez que Madison, 16 anos, participa de um projeto audiovisual. A seleção para o papel envolveu mais de cem colégios americanos e pedia que os adolescentes enviassem um vídeo com falas de determinado personagem e tocando um instrumento musical. Madison fez mais. Ansiosa com a experiência, trancou-se em um galpão no jardim de sua casa e gravou os diálogos de todos os personagens.
— Falei para minha família que era extremamente importante aquilo, que não queria ser interrompida. Depois que enviei, fiquei apenas esperando por qualquer tipo de resposta (risos) — diz Madison em entrevista a GZH. — Eu saí com um amigo para fazer um lanche depois da escola e minha mãe me ligou: "Ei, pode pegar algumas batatas fritas? Oh, a propósito, você recebeu um e-mail de algum site de atuação.
Convocada para um teste presencial, a jovem viajou de Allentown, no Estado da Pensilvânia, onde mora, para Los Angeles, na Califórnia. Na bagagem, levou sua experiência: toca piano desde os seis anos de idade e aprendeu vários instrumentos sozinha. Como sua mãe é sargento no exército americano, estava acostumada a cantar o hino dos Estados Unidos em eventos oficiais, o que fortaleceu seu interesse pela música. Madison lembra que pensou em desistir de tudo na noite anterior ao teste:
— Meu pai estava comigo e disse: "Você sabe o que tem que fazer. Tem que ir amanhã e dar tudo de si". Esse dia foi uma montanha-russa emocional. Mas assim que cheguei ao estúdio, Kenny e toda a equipe me cumprimentaram com tanto amor e carinho que meus nervosismo desapareceu.
A apresentação final convenceu Kenny Ortega, que já tinha sentido na audição virtual que Madison iria ser a protagonista. O cineasta conta a GZH que estava procurando por uma garota que teria que usar sua própria experiência de vida para tornar a personagem real. Quando assistiu à performance de Madison presencialmente, sentiu que ela "acertou em cheio".
— Ela apenas entregou tudo. Esta geração de jovens que está surgindo agora está cheia de talentos. Acho que a internet e os reality shows pavimentaram o caminho para uma geração que é extremamente talentosa, a mais impressionante que vi em minha vida — destaca Ortega.
História
Julie and the Phantoms tem origem em uma série criada por produtores brasileiros para os canais Nickelodeon e Band, lançada em 2011. A Netflix adquiriu os direitos nos Estados Unidos e Ortega recebeu a missão de repaginar a essência da trama.
Sucesso de audiência no período em que foi exibida no Brasil, a história mostra a insegura Julie criando uma banda com fantasmas libertados de um disco de vinil que a garota encontra na sua nova casa (na série americana, de um CD encontrado no antigo estúdio musical de sua falecida mãe).
— A luta humana, especialmente para um jovem, é universal para qualquer pessoa que sofreu uma perda. Isso conquistou meu coração, e na série buscamos falar sobre a importância de nunca perder a fé e a esperança, de sempre permanecer firme e acreditar que há outra página em sua história — reflete o cineasta.
A amizade com os fantasmas também ajuda Julie a enfrentar outros dilemas da adolescência, como o primeiro namorado e o medo do futuro. Madison acredita que esses dramas tem a ver com sua própria história de vida, já que, agora, está se tornando um modelo para outras garotas de sua idade.
— Tenho uma irmã mais nova e quero que ela possa ver alguém que se pareça com ela na TV. Quando eu tinha a idade dela, gostaria de ter visto mais garotas na televisão com a minha cor de pele, ou meu cabelo encaracolado, ou minha lacuna entre os dentes. Se eu tivesse visto isso, teria sido mais fácil para mim dizer: "Quer saber? Se ela pode fazer isso, eu também posso". E é isso que eu quero que minha irmã tenha — finaliza Madison.