Em três das 24 horas do dia, um rosto está dominando a tela da RBS TV. É não é o de alguém que apresenta um programa diário. É o dela, Juliana Paes, no ar em três novelas diferentes que estão sendo reprisadas pela Globo: A Força do Querer (2017), que voltou recentemente na faixas das nove, Totalmente Demais (2015), no horário das sete, e Laços de Família (2000), atração do vespertino Vale a Pena Ver de Novo.
A exposição até virou piada na casa de Juliana, onde ela encara o período de isolamento com o marido, Carlos Eduardo Baptista, os dois filhos, Pedro e Antônio.
— Eles estavam me zoando porque eu disse que este ano eu ia descansar a imagem. “Mãe, eu não aguento mais te ver na TV”, soltaram um dia desses. Eu me sinto envaidecida, porque das duas, uma: ou os projetos que fiz foram muito legais ou realmente não parei de trabalhar, emendando uma coisa na outra, não tem mais produto sem eu estar (risos) — brinca a atriz, em entrevista a GZH na ocasião do relançamento de Totalmente Demais.
Analisando os três folhetins, é possível passar em revista a carreira da atriz. Seu primeiro papel na teledramaturgia foi em Laços de Família, de Manoel Carlos, como a empregada Ritinha, que se envolve com o seu patrão, Danilo (Alexandre Borges), casado com a poderosa Alma (Marieta Severo). Ali, Juliana reconhece que “era ruim, muito crua” e que “tem medo” de rever as cenas:
— Nessas horas, vemos que, às vezes, o ator serve ao personagem, até quando é imaturo na profissão. A Ritinha precisava disso, ser crua, verdinha. A minha inexperiência serviu de bandeja para ela, então eu tiro a responsabilidade das costas.
Desde sua estreia, Juliana foi ganhando projeção em seus papéis até chegar a Maya, em Caminho das Índias (2009), sua primeira protagonista de uma novela das nove. Também fez um trabalho de repercussão em Totalmente Demais, de Rosane Svartman e Paulo Halm, quando viveu Carolina, sua primeira vilã na teledramaturgia. Como rival da protagonista Eliza (Marina Ruy Barbosa), Carolina vive difíceis nos capítulos recentes da trama. Depois de ter sido desmascarada em plena festa da revista Totalmente Demais e ter sua credibilidade abalada, a jornalista desempregada sofreu um baque ao descobrir que não pode ter filhos.
—A Carolina era um pouco mais fria com os sentimentos, um pouco mais calculista, aquele tipo de pessoa que esconde os sentimentos genuínos. Como não acredito em personagens maniqueístas, tentei fazer uma personagem que ao longo da trama vai se humanizando — recorda Juliana.
Bibi
O trabalho seguinte de Juliana foi em A Força do Querer, também de Gloria Perez. A segunda protagonista de sua carreira é Bibi, uma jovem que vive altos e baixos após abandonar o relacionamento com Caio (Rodrigo Lombardi), seu colega na faculdade de Direito. Ela desiste do romance ao conhecer o instável Rubinho (Emilio Dantas). Quinze anos depois, em dificuldades financeiras, ela entra para o mundo do tráfico.
— A trajetória da Bibi poderia ser e ainda é seguida por meninas de classe média, bem-criadas e bem-nascidas. A minha intenção foi colocar essa história em um crescente, então a dificuldade era dosar isso ao longo da trama. Eu não podia dizer quem era a Bibi logo de cara — aponta Juliana.
Essa mudança é vista com nitidez pelo espectador: Bibi arranja brigas, derruba carrinhos de manicure e até coloca fogo em uma moto. Mas nem tudo era tranquilo para a atriz, que adorava as cenas de ação.
— Eu detestava aquelas cenas de briga, como aquelas de sair no tapa com a Carine (Carla Diaz) e os embates com a Jeiza (Paolla Oliveira). Detestava porque me dava vontade de rir dessa necessidade de pegar a outra pelo cabelo, eu nunca briguei na vida (risos) — diverte-se Juliana.
Sua atuação marcou tanto que fãs a chamam de Bibi Perigosa até hoje. No ano passado, no entanto, o apelido começou a ser substituído por outro: Maria da Paz, a boleira protagonista de A Dona do Pedaço, de Walcyr Carrasco.
— Eu achei que nunca iam parar de me chamar de Bibi, mas veio outra personagem para amansar. No fim, essa exposição vem de muita dedicação seguida. A gente tem uma vida de abdicar de muita coisa com a rotina de gravações, então eu fico muito feliz com tanto sucesso assim — agradece Juliana.