Logo no início da sexta temporada do De Férias com o Ex Brasil, o público ficou com um pé atrás. Sobraram comentários nas redes sociais de que essa seria a pior de todas as edições do programa feitas até agora. Como telespectadora assídua de reality shows de pegação, resolvi esperar até a exibição do 12° e último episódio, nesta quinta-feira (6). Agora, só me resta concordar com o povo que cantou a pedra lá no fim de maio.
A verdade é que quem acompanha a versão brasileira do programa estava mal acostumado. Basta assistir a alguns episódios de temporadas passadas (elas constantemente são reprisadas na MTV e estão disponíveis na Amazon Prime Video e no streaming Paramount+), para entender o motivo. A primeira, em 2016, fez sucesso pela novidade. E todas tiveram algum destaque: um casal, um participante específico, a entrada de um ex, uma eliminação ou um estrondoso barraco que quebrou a internet com tantos comentários.
Algo sempre brilhou no De Férias com o Ex. Quem não lembra até hoje de nomes como Gabi Prado, Gui Araújo ou o polêmico casal Ya e Lipe? Tanto causaram no programa que chegaram a voltar em outras temporadas. Agora, quem da sexta temporada teria chances de novamente surgir do mar? Dá para contar nos dedos. Escolheria João Hadad, Bárbara Morais, Camilla Costa e a gaúcha Mina Winkel que, por alguns episódios, ficou um pouco apagada e mereceria uma segunda chance.
Uma edição bem colorida
Ser a pior temporada até agora não significa que a última edição do De Férias na paradisíaca Jericoacoara (CE) foi ruim. Na verdade, ela foi marcada por vários acontecimentos inéditos: Rafa Vieira, o primeiro participante assumidamente gay; a saída do mar de Regina Adamovich, mãe de Igor, primeira pessoa com mais de 50 anos a integrar o elenco (nem que seja por um dia); e também o primeiro pedido de casamento feito de Mayara Cardoso para Natan Amorim no último episódio.
A diversidade, aliás, é um dos pontos a se exaltar nesta edição. Com Rafa no elenco principal, foram abertas as portas para o “Vale” dominar o reality. Outros três homens homossexuais entraram no programa como ex. Por quatro vezes, a suíte master, quarto que proporciona momentos mais íntimos entre os casais, foi ocupada por dois homens ou por duas mulheres – entre as meninas, nenhuma assumidamente lésbica, mas todas livres de amarras de gênero ou orientação sexual.
Tão importante foi o assunto para os espectadores que a MTV chegou a ser acusada de censura por não mostrar os lençóis balançando nas cenas mais quentes protagonizadas por gays. Ficou bem claro o recado das redes sociais: que tal a próxima temporada ser apenas com a comunidade LGBT+? A possibilidade, inclusive, já foi levantada por Tiago Worcman, vice-presidente sênior de música e entretenimento da Viacom na América Latina. "Vai ser babado", disse em coletiva de imprensa. Vai mesmo.
Respiro insuficiente
A sexta edição do reality até ganhou uma sobrevida aos 45 minutos do segundo tempo, com algumas tretas protagonizadas por Jarlles Gois (chamado de “bicha má” dentro da casa), Scarlat Cióla e Rebecca Diniz, além da entrada de MC Rebecca no penúltimo episódio.
Em uma noite, a funkeira fez mais do que vários participantes que já estavam há tempos confinados: colocou o povo para dançar, beijou todas as mulheres e ainda dormiu com Bárbara.
Contudo, não foi suficiente para salvar o programa, que terminou nesta quinta-feira exaltando a diversidade, mas com clima de retiro espiritual. Infelizmente faltaram alguns ingredientes básicos de um reality de pegação: envolvimento e química entre os participantes, beijos, confusão e talvez até a entrada de mais ex-namorados e namoradas para abalar a dinâmica do jogo.
Agora, com a pandemia, vai saber quando teremos a oportunidade de acompanhar, novamente, um bando de solteiros confinados com uma única meta: se divertir. E, por tabela, nos divertir também.