Miguel Falabella, em entrevista ao programa Domingão do Faustão, falou de sua vida e seus projetos em tempos de pandemia, relembrou momentos em que sofreu preconceito e ainda falou de racismo. O ator fez parte dos jurados do quadro Dança dos Famosos e deve retornar à função na próxima temporada.
Falabella contou que está confinado em casa desde o início de pandemia, e que levou um tempo até conseguir manter o foco para tocar novos projetos. De acordo com ele, foi preciso estabelecer uma rotina para que o trabalho fluísse.
— Estou confinado há quase quatro meses. Ou você aprende a viver com você mesmo, com os seus fantasmas, com suas alegrias, ou vai ficar difícil. Elaborar tudo isso é um grande aprendizado. Fiquei duas semanas sem foco, percebei que as coisas iam se estender e voltei a ter foco. Voltei a escrever — declarou Falabella.
Falabella, no entanto, afirma que a doença pode trazer transformações positivas para as pessoas, e que ele já percebe mudanças no mundo.
— Acho que algumas pessoas já se transformaram. Não acho que vai haver uma grande transformação de cara, mas é colocar um tijolinho. Se você tem uma transformação sua, você transforma o seu entorno. O importante é perceber que as pessoas precisam ter oportunidades na vida. As pessoas vão se transformar sim, até porque elas vão perceber que, se não se transformarem, elas não vão sobreviver no planeta, o planeta não vai aceitá-las mais. O planeta está dando um recado muito preciso: vocês estão abusando, indo além do limite.
No programa, o ator também relembrou momentos difíceis em que sofreu preconceito. Segundo ele, as pessoas não valorizam comediantes.
— Sofri vários tipos de bullying ao longo da minha vida, ao longo da minha vida profissional. Sofremos preconceito por gênero, se você faz comédia, você é considerado um ator menor, não é indicado para prêmios, não é olhado como um profissional que precise de técnica e de entrega para fazer aquilo. Se você não é uma pessoa que se expõe publicamente, sofre preconceito. O importante é jamais permitir que um olhar de uma terceira pessoa te defina. Quando a gente se aceita, o mundo nos aceita. Hoje em dia, existe uma coisa genial que é o bloquear, a grande invenção da internet
Falabella também opinou sobre racismo, e deixou claro que é necessário uma desconstrução, que precisa ser feita aos poucos. O ator lembrou das personalidades que têm cedido suas contas em redes sociais para que pessoas negras possam abordar o tema, e afirmou que essa é uma atitude que traz à tona um serviço importante: o de dar espaço para a intelectualidade negra, que tem sido escanteada.
Além disso, o ator comentou sobre democracia, e afirmou que a melhor arma do povo contra governos autoritários é o voto.
— É fundamental que as pessoas entendam que a nossa única arma para transformar alguma realidade que não nos é variável é o voto. Você jamais pode desperdiçar o seu voto. Vote em alguém que vai lutar por você, pelos seus interesses. Aí sim seremos capazes de mudar. Vivemos uma tragédia absoluta. A educação quando não é praticada, democratizada, tudo vai se deteriorando rapidamente — explicou.