Já é um fato que o público que acompanha o Big Brother Brasil não queria que a edição deste ano terminasse justamente agora. Desde a metade de março, quando começaram as medidas de distanciamento social provocadas pelo coronavírus, o programa se tornou ainda mais companheiro dos espectadores também trancados em casa.
O BBB 20 promoveu tanto engajamento - principalmente nas redes sociais - que a Globo estendeu a data da final por mais quatro dias. Um tempo maior seria demais para os participantes, que já estavam esgotados do confinamento, e para própria equipe do programa, que também precisa trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana, para manter a atração no ar.
Após exibir uma das melhores (se não a melhor) edições de toda a história do programa no Brasil, seria viável repetir a dose no segundo semestre deste ano? Boninho, diretor do BBB, já deixou claro seu desejo de fazer uma nova temporada em setembro.
Na grande final, realizada na noite de segunda-feira (27), Tiago Leifert respondeu a uma provocação da direção sobre isso, que sussurrou a proposta no ponto eletrônico enquanto ele anunciava a abertura das inscrições para o BBB 21. Entre risos, o apresentador descartou a possibilidade e disse que veria o público novamente só em janeiro do ano que vem.
Uma nova tentativa foi lançada por Boninho nas redes sociais. Em uma postagem de agradecimento no Instagram, o diretor publicou um vídeo com o logo do Big Brother Brasil e a frase "Voltamos em instantes". Na legenda, instigou o público a pedir uma edição especial do reality em setembro aos patrocinadores do programa.
Exemplo de 2002 mostra que é possível
Caso realmente aconteça, não seria novidade para a emissora nem para o próprio Boninho, que comandou uma edição dupla de BBB no ano de estreia do reality no Brasil. O BBB 1 começou em janeiro de 2002 e Kléber Bambam foi consagrado campeão no dia 2 de abril.
Embalada pelo grande sucesso de audiência da primeira edição, a Globo decidiu lançar a segunda temporada logo em seguida. Assim, exatos 42 dias depois, no dia 14 de maio, já entrava no ar o BBB 2, que terminou no dia 23 de julho com a vitória de Rodrigo Caubói.
Para isso, foi necessário um planejamento: a seleção para os participantes do BBB 2 começou em março, ainda durante o andamento da primeira temporada. Inclusive, parte das inscrições que haviam sido feitas para a edição de estreia foi aproveitada.
A casa que abriga os participantes recebeu poucas modificações. A estrutura foi mantida, e apenas a decoração dos ambientes foi modificada, como cores e papéis de parede. Móveis e estofados também foram trocados. O número de câmeras e microfones, as regras e as dinâmicas do jogo permaneceram os mesmos.
A grande diferença foi que Pedro Bial passou a apresentar sozinho - na primeira temporada, ele teve a companhia de Marisa Orth.
Problemas para viabilizar a ideia
Supondo que esse formato fosse novamente repetido, com aproveitamento de inscrições e da casa, seria possível colocar o programa no ar até antes de setembro. Mas é claro que há outras questões em jogo.
Além dos patrocinadores, essenciais para que o BBB esteja no ar, há também de se contar com o apresentador. Tiago Leifert se mostrou feliz, mas emocionado e exausto com a condução do programa em meio à pandemia. Pelas redes sociais, disse que, agora, quer se preparar para o projeto que considera o mais desafiador da sua vida: o nascimento da sua primeira filha. A esposa dele, Daiana Garbin, anunciou, um dia após o término do BBB 20, que está entrando no quarto mês de gravidez.
A contar por uma gestação completa, de nove meses, a filha de Tiago e Daiana deve nascer entre setembro e outubro - o que poderia levá-lo a passar a condução da edição especial para outra pessoa. Nessa época do ano, ele também costuma comandar o The Voice.
Outra questão a se considerar é que o BBB 20 foi um sucesso porque inovou: pela primeira vez, juntou famosos e anônimos, acirrando uma busca por popularidade na disputa pelo prêmio de R$ 1,5 milhão, conquistado pela inscrita Thelma Assis. Todos os participantes possuíam personalidades fortes e opiniões distintas, o que fez com que assuntos colocados em pauta, como machismo e racismo, delineassem os rumos do jogo.
Ou seja: para o BBB 21 acompanhar ou superar o recente BBB 20, algo novo teria de ser mostrado. Além de correr contra o tempo, a equipe do programa que busca participantes em diferentes cidades do país teria que fazer uma seleção ainda mais minuciosa, justamente para buscar brothers e sisters à altura da última edição.
O cenário de incertezas em relação ao coronavírus também pode atrapalhar os planos de um novo BBB ainda neste ano. Ainda não se sabe quando as gravações de programas de TV e novelas serão retomadas em plena normalidade. O próprio BBB 20 já estava sendo conduzido com equipe reduzida e medidas rigorosas de higiene, inclusive para os participantes, que ficaram sabendo da pandemia durante o reality. A final, assim como grande parte das eliminações, também não contou com a presença de torcida.
Pelo desejo de entretenimento no isolamento social, o público que é fã de Big Brother gostaria da antecipação do reality. Resta saber como os responsáveis vão desenvolver a ideia.