Quase dois anos após o crime que chocou o Brasil e despertou atenção internacional, Marielle - O Documentário estreia nesta semana para mostrar a vida de Marielle Franco e as interrogações sobre seu assassinato. A produção original Globoplay estreia na próxima sexta-feira (13) com seis episódios — o primeiro será exibido na Globo na quinta (12), logo após o Big Brother Brasil 20.
Essa é a primeira série documental produzida pelo Jornalismo da Globo para o streaming. Para montá-la, foram colhidos depoimentos de familiares, policiais, jornalistas que cobriram o caso, procuradores e autoridades políticas, na tentativa de fechar um caso que ainda permanece sem respostas.
Durante cinco meses, os produtores mergulharam na história de Marielle e de Anderson Gomes, seu motorista, também assassinado em 14 de março de 2018.
— O conhecimento acumulado ao longo deste tempo sobre a história de Marielle e sobre o crime que a levou são enormes. E esse conhecimento foi o ponto de partida para as entrevistas. Quem assiste ao documentário, descobre uma Marielle ainda desconhecida, que teve baile de debutante, foi rainha da primavera e frequentou baile funk — disse Ricardo Villela, diretor-executivo de Jornalismo da Globo.
A série registra os primeiros passos da menina que nasceu no complexo de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, até se tornar referência na Câmara de Vereadores e símbolo de militância dos movimentos LGBT+, negro e de direitos humanos.
— Não existe história mais urgente no Brasil hoje do que a história da Marielle Franco. Em nenhum momento a gente tenta investigar quem matou Marielle. Não é uma investigação que nós entendamos que seja uma responsabilidade nossa, mas acho que o documentário responde à pergunta: por que até hoje ninguém disse quem matou e quem mandou matar Marielle? — explicou Erick Brêtas, diretor de produtos e serviços digitais da Globo, durante evento de divulgação da série.
O antes e o depois
O documentário sobre Marielle Franco será dividido em duas cronologias que se fundem na produção: o antes e o depois do dia 14 de março de 2018, quando a vereadora e seu motorista foram mortos a tiros na zona norte do Rio de Janeiro. A história de vida deles será contada junto com a investigação e repercussão do crime, mostrando o impacto nas famílias e a criação de fake news sobre o caso.
— Essas duas narrativas acabam acontecendo de forma paralela, pois ao mesmo tempo em que avançamos numa determinada linha de investigação, mostramos algum detalhe da vida dela que o público ainda não sabe — disse o diretor da série, Caio Cavechini.
Momentos íntimos serão mostrados por meio de imagens exclusivas e relatos de lembranças de quem andava ao lado dos dois. A série reproduz um vídeo que mostra quando Anderson Gomes descobriu que seria pai, juntamente com as consequências de seu assassinato na vida da viúva Agatha e do seu filho, Arthur.
Marinete Silva abre o álbum de fotos da família para mostrar a festa de 15 anos da jovem filha Marielle. Mensagens trocadas pela vereadora e Anderson com familiares horas antes da execução também serão reveladas na tela.
O documentário mostra o passo a passo da investigação até chegar no nome de Ronnie Lessa, atirador de elite treinado na polícia e acusado de ser executor do crime. Além de Lessa, o ex-PM Élcio Queiroz também está preso por envolvimento no assassinato.
Série de ficção vem aí
Além da série em formato de documentário, a história de Marielle Franco e Anderson Gomes também vai inspirar um seriado de ficção no Globoplay, com previsão de estreia para 2021. A produção está sendo desenvolvida pelo cineasta José Padilha (Tropa de Elite) e Antonia Pellegrino, escritora, diretora, roteirista e amiga da vereadora.
Com previsão de duas temporadas, a primeira vai girar em torno da biografia de Marielle, culminando com as circunstâncias do crime. Já na segunda, o foco estará nos mandantes e, se o caso for solucionado, na resolução do crime.