Era para ser um evento único, em comemoração aos 50 anos do Jornal Nacional. Mas o rodízio de jornalistas de todos os Estados brasileiros deu tão certo que alguns deles foram convidados a entrarem de vez para a escala do noticiário – como substitutos de William Bonner e Renata Vasconcellos aos finais de semana. A gaúcha Cristina Ranzolin, que inaugurou o projeto em agosto, teve seu nome confirmado na sexta-feira (6). Ainda surpresa com a notícia, a jornalista conversou com GaúchaZH enquanto se arrumava para o Jornal do Almoço deste sábado (7).
Como você recebeu o convite para participar da escala permanente do JN?
A gente tem um grupo de WhatsApp com todos os apresentadores que participaram desse rodízio. Aí começou um zum zum zum porque uns ficaram sabendo antes do que outros. Achei até que não fazia parte, só que não sabia que o Cezar Freitas (diretor de jornalismo da RBS TV) já tinha recebido um e-mail da Globo solicitando a nossa participação. Como só deram o ok depois, não sabiam que já podia divulgar, por isso nem tinham me falado.
E como foi a sua reação?
Fiquei superfeliz, né? É o principal jornal que a gente tem, é uma superestrutura, foi uma ótima experiência. Eu já tinha trabalhado na Globo há muitos anos e foi um prazer reencontrar colegas daquela época que ainda estão lá. Os gaúchos que trabalham na Globo também me recepcionaram de uma forma muito carinhosa, mas era para ser só um dia. Então tinha um clima de festa, sabe? Agora, participar efetivamente da escala vai ser uma rotina que vamos ter que nos adaptar. Tô muito feliz, foi um projeto que deu muito certo, que inclusive está fazendo escola: SBT e Record já entraram nessa. O Jornal Nacional retrata o Brasil inteiro e é muito bacana poder colocar sotaques diferentes na bancada, não só nas reportagens.
Já sabe qual a sua primeira data e como vai funcionar a escala?
Vai virar uma rotina, mas ainda não tenho a escala e também não informaram qual a frequência. É tudo muito novo, anunciaram ontem mesmo. Acho que ainda não definiram. Agora que vão montar uma rotina.
Sabe se vai fazer dupla com alguém?
Quando fui, fiz dupla com o Márcio Bonfim (da Globo Nordeste). A gente ainda não tem a informação se vão manter as duplas ou fazer trocas.
E você está empolgada com a perspectiva de viajar mais para o Rio de Janeiro, pegar uma praia lá?
Olha, quando fui da outra vez foi tanto trabalho que nem vi a praia lá! Cheguei no aeroporto, fui para o hotel e de lá direto para a Globo. Foi uma maratona mesmo, passamos por uma série de experiências, desde uma fonoaudióloga até o pessoal todo da redação. Ainda mais eu e o Márcio (Bonfim), que fizemos a estreia desse projeto. Depois ainda teve a festa que a gente teve a honra de participar por estar lá naquela estreia. Não deu tempo de fazer muita coisa. Agora quem sabe não dá para aproveitar e relaxar um pouco mais?
Quando você participou, fez questão de levar o sotaque gaúcho pra lá. Vai dar para puxar a brasa para o Rio Grande do Sul de novo?
Foi um projeto que realmente tinha esse objetivo de mostrar os sotaques. Agora, se a gente vai para fazer a rotina do telejornal, acho que não tem mais isso. Agora realmente é apresentar as notícias de todos os Estados com o mesmo peso.
E a tua experiência lá impacta teu trabalho aqui?
Acabo levando meu jeito de apresentar para lá e o mesmo acontece de lá para cá. Mas acho que a gente tem que ter em mente qual jornal estamos apresentando. O Jornal do Almoço é muito descontraído, eu posso dar a minha opinião, rir, chorar, tenho liberdade total no programa.
É a tua casa.
Sim, é diferente. E sempre teve esse jeito ousado, mais descontraído. Que hoje em dia é algo que a Globo está procurando mais. Não no mesmo grau que a gente faz, mas tem feito isso em outros programas. É claro que não vou poder chegar no Jornal Nacional e apresentar do jeito como apresento o Jornal do Almoço. Ele tem a linha editorial dele. Assim como não posso trazer para cá a seriedade que eu preciso ter no JN. Vou ter que continuar sendo Cristinas diferentes, digamos assim. Já era assim quando eu fazia o RBS Notícias, que eu apresentava aqui, era um jornal em que a gente tem que se conter um pouco. Era engraçado porque às vezes vinha uma reportagem e eu tinha vontade de fazer um comentário. Mas eu fazia com uma pausa, para não parecer tão distante do meu trabalho no Jornal do Almoço. Então esse cuidado eu vou ter que ter. Vou apresentar um jornal de rede, no qual não dou minha opinião, mas um pouquinho da Cristina do Jornal do Almoço sempre vai, né?
O Márcio Bonfim também vai virar reserva do Tadeu Schmidt no Fantástico. Tem chance de você aparecer em outros programas também?
Não tenho essa informação ainda. Eu até já fiz o Fantástico quando estava na Globo. Só não tinha feito o Jornal Nacional.
E, já que 2019 está acabando, como está a tua perspectiva para 2020?
O JN vai alterar a minha rotina, mas o Jornal do Almoço passou por uma mudança bacana de formato, de estúdio, então a gente quer consolidar isso. Ainda penso e quero ter o meu programa na minha carreira, mas não é para agora. Realmente sou muito apaixonada pelo JA, que me permite estar por dentro de tudo que é assunto. Hoje, por exemplo, vou entrevistar uma atriz, (outro dia) de repente um médico ou político. A pauta nunca é igual e me encanta fazer por isso e por essa liberdade de ser bem natural ali e improvisar. Antes de ir para a Globo já tinha participado dele como apresentadora da parte do noticiário na época em que a Maria do Carmo fazia. Desde que voltei, em 1996, já tenho 23 anos direto na apresentação dele. Me apavoro com isso. Quando a Maria do Carmo saiu, ela era recordista, com 18 anos. Eu imaginava "nossa, vai ser sempre ela a recordista". Agora sou eu! Mais de 25 anos se contar todo o tempo. Mas parece uma coisa recente para mim de tanto que gosto. Realmente me sinto realizada.
Então a aposentadoria nem passa pela sua cabeça?
Nenhum plano!