Do atelier montado em casa, no interior de Nova Petrópolis, para o primeiro lugar do Desafio Sob Fogo: América Latina. Daniel Jobim, 41 anos, viu seu trabalho na cutelaria dar um salto na última semana ao se consagrar vencedor da segunda temporada do reality de produção de facas do History Channel, um dos programas de maior audiência do canal por assinatura.
O episódio final foi ao ar na última sexta-feira (15). Natural de Porto Alegre e morador do município da Serra Gaúcha, o cuteleiro desenhou e fabricou uma adaga dos séculos 15 e 16 usada pelo conquistador espanhol Hernán Cortés. A arma deveria ser forjada para a mão esquerda e para o combate corpo a corpo. O desafio era fazer uma ferramenta rápida, letal, afiada na ponta e, também, bonita.
— Era uma peça que eu nunca tinha feito, então prestei muita atenção no modelo que os jurados mostraram. Até o último segundo achei que não ia conseguir terminar a faca — contou Daniel em entrevista para GaúchaZH.
Acostumado com uma produção pequena e com a calmaria do interior do Rio Grande do Sul, o limite de tempo imposto pelo programa para fabricar as armas foi um de seus grandes desafios ao longo do reality. O outro foi elaborar ferramentas não muito usadas por aqui. Sua produção inclui, em média, quatro peças personalizadas por mês — a maior parte delas destinada para a elaboração da tradicional faca gaúcha, usada tanto no churrasco como na lida do campo.
Cuteleiro há 13 anos, Daniel teve que afiar sua arte e seus conhecimentos para conseguir chegar ao primeiro lugar do reality — e, de quebra, ganhar mais confiança em seus afazeres.
— São peças que tu não faz com tanta frequência. Apresentar essas peças em um tempo "X" é um baita desafio. É tu contra tu mesmo. Eu sabia que eu tinha capacidade, mas não sabia até aonde ela iria. Agora eu sei que tenho muito mais. Não tenho mais receio de fazer outras peças.
A adaga elaborada pelas mãos de Daniel concorreu, na final, com as armas feitas por um colombiano, um espanhol e um mexicano. O gaúcho estava desesperançoso até que percebeu um deslize na ferramenta do concorrente.
— A faca do mexicano estava muito bonita. Mas eu vi que ele colocou uns detalhes dela que não são do período histórico da faca que tínhamos que fazer. Aí me deu uma esperança. Eu ganhei no detalhe. Não sei nem como descrever a sensação — contou.
O profissional comemora por poder levar a cutelaria brasileira — e gaúcha — para um reality internacional e também garantir o bicampeonato sulista no Desafio Sob Fogo, já que, na primeira temporada, o vencedor foi o porto-alegrense Tom Silva.
Nas ruas de Nova Petrópolis, Daniel Jobim agora é praticamente uma celebridade.
— O pessoal me para na rua, pergunta, conversa, estão me acolhendo bastante. A prefeitura quer fazer uma homenagem. Sabe como é interior, né (risos). A visibilidade é indiscutível — resume.
Assista ao episódio final do Desafio Sob Fogo: