Chega ao fim nesta sexta-feira (27) a difícil jornada dos personagens de Órfãos da Terra. Muito mais do que as discrepâncias culturais, os refugiados da novela passaram por situações de perigo e morte desde que moravam na Síria, lá no início da trama.
Laila (Julia Dalavia), Jamil (Renato Góes) e seus entes queridos enfrentaram o ódio do sheik Aziz (Herson Capri) e de sua filha Dalila (Alice Wegmann). Após tantas separações e reconciliações, os mocinhos terão direito a seu "felizes para sempre".
Antes de se despedir da história de Duca Rachid e Thelma Guedes, relembre os momentos mais marcantes — bons e ruins — dessa trajetória.
Altos
Cenas impactantes
Com ares de superprodução, os primeiros capítulos fisgaram o telespectador, ainda que algumas cenas tenham sido consideradas pesadas para o horário. A destruição da guerra, o drama de quem perdeu tudo nos bombardeios e a morte do pequeno Ahmed (Álvaro Brandão) foram de cortar o coração. Cenas impactantes, mas necessárias, que alertaram para uma realidade a que, muitas vezes, até por conta do distanciamento geográfico, acabamos não prestando atenção.
Além da fotografia impecável da trama como um todo, a abertura foi um show à parte, com destaque para a música Diáspora, dos Tribalistas, que casou perfeitamente com o enredo. "Atravessamos pro outro lado/ No rio vermelho do mar sagrado/ Os center shoppings superlotados/ De retirantes refugiados", diz parte da letra.
Elenco que brilha
Se alguém ainda tinha dúvidas de que Alice Wegmann e Julia Dalavia estão entre as melhores atrizes de sua geração, os embates de Dalila e Laila deixaram bem claro que essa dupla nasceu para brilhar. Personagens intensas e fortes, mas à altura do talento de ambas.
Entre os veteranos, destaque para dois "monstros" da teledramaturgia, Flávio Migliaccio (Mamede) e Osmar Prado (Bóris). Aliás, o núcleo dos judeus e muçulmanos da Vila Mariana trouxe de tudo um pouco: comédia, romance (com os ótimos Verônica Debom e Mouhamed Harfouch, como Sara e Ali), ação e, na reta final, muito drama com a morte de Davi (Miguel Thiré) e a doença de Alzheimer de Mamede.
Casal gay
Enquanto alguns casais só se formaram para evitar a solteirice de alguns personagens, um par em especial ganhou o coração do público. Quem diria que as pilantras Camila (Anaju Dorigon) e Valéria (Bia Arantes) combinariam tão bem? O amor redimiu as duas, que terão um final mais do que feliz, com direito a casamento e o tão esperado beijo, que foi exibido no penúltimo capítulo, na quinta-feira (26).
Baixos
Ritmo em queda
O fôlego demonstrado nas primeiras semanas foi desaparecendo com o passar dos meses. A vingança de Dalila ficou repetitiva, assim como as idas e vindas dos principais casais da novela. Aqui, talvez a culpa tenha sido da duração da história, pensada primeiramente para ser uma supersérie, com cerca de três meses. Com o dobro desse tempo, até as melhores histórias acabam se perdendo.
Aziz (Herson Capri) era um personagem cheio de possibilidades, que poderia ter permanecido mais tempo na trama. Com a morte do vilão, no segundo mês de novela, muito da história se perdeu. Toda a maldade caiu sobre as costas de Dalila, uma ótima personagem, mas com pouco estofo para triunfar em seus planos. Do mesmo modo, Soraia (Letícia Sabatella) viveu pouco de sua história de amor com Husseim (Bruno Cabrerizo). O casal tinha muita química e merecia mais tempo de felicidade.
Ingenuidade demais
Mocinho de novela precisa ter uma certa ingenuidade, mas Jamil superou as expectativas. O rapaz foi sempre o último a perceber as artimanhas de Dalila, ainda que metade do elenco, incluindo sua amada Laila, tentasse alertá-lo.
Sem química
E por falar em casais, alguns pares formados a esmo, sem o tempo necessário para o público acreditar na química entre eles, não agradaram tanto assim. Husseim caiu sem muita explicação nos braços de Helena (Carol Castro) e, ainda que tenham combinado bastante — tanto que a história ultrapassou a ficção e virou romance real — parece ter sido apenas um artifício para "devolver" Elias (Marco Ricca) para Missade (Ana Cecília Costa). Benjamin (Filipe Bragança) e Letícia (Paula Burlamaqui), Muna (Lola Fanucchi) e Faruq (Eduardo Mossri), Rogério (Luciano Salles) e Eva (Betty Gofman) são outros exemplos de pares meio forçados.