"Regra número um: eu já te odeio e isso não vai mudar". É assim que Miranda Bailey, uma das personagens mais importantes da série médica Grey's Anatomy, é apresentada: como uma mulher rígida, autoritária e de poucas palavras. Sua personalidade é tão forte que, logo no início, passa a ser chamada pelos médicos residentes de "nazi" (nazista).
Hoje, a série se prepara para sua 16ª temporada. Durante essa década e meia, Bailey mostrou outras faces além da autoridade: ela teve um filho, se separou, casou novamente, perdeu colegas, abandonou a medicina, voltou para a medicina e mudou o cabelo mais que qualquer outro do elenco.
— São os fãs que nos fazem continuar. Há muitos anos fomos ao Brasil e tivemos um encontro incrível, muitas pessoas nos apoiam desde o início da série — conta a atriz.
Depois de tanto tempo dando vida à mesma personagem, Chandra Wilson ri ao contar que é comum que as pessoas a chamem de Bailey na rua. Outras costumam olhar para ela e dizer "você se parece com alguém que eu conheço".
Além de atuar em frente às câmeras, ela já dirigiu 20 episódios da série. O mais recente e, talvez, mais importante, é o 15º da atual temporada, pois marca os 332 episódios da história de Grey's Anatomy — número que bate o recorde de E.R. e a torna o drama médico mais duradouro da televisão.
Ao receber tamanho desafio, a atriz diz ter se sentido honrada, mas contou que coloca muita pressão em si mesma. Sempre que vê algum episódio que dirigiu, encontra algo que poderia ter feito diferente. Neste em questão, que só deve vir ao ar em alguns meses, Jackson dá uma festa na sua casa, nada ocorre conforme o planejado e a desastrosa noite termina com um incêndio.
A atriz também conta dois em momentos que chorou ao assistir Grey's Anatomy. O primeiro foi no final da quinta temporada, quando George O'Malley (T.R. Knight) morre. Ele sofre um acidente, chega ao hospital desfigurado e nenhum médico percebe que o paciente é um colega. Outro momento de sensibilidade foi no final da sexta temporada, quando um serial killer entra no hospital, atira em várias pessoas e causa um terror nos médicos e pacientes.
Além dos dramas, relacionamentos, brigas, cirurgias e diagnósticos, o programa chama a atenção por ser bastante inclusivo, com cuidado em apresentar um elenco de brancos, negros, asiáticos, heterossexuais e homossexuais. Isso tudo bem antes do termo "diversidade" virar pauta ou o movimento MeToo ganhar voz.
Chandra Wilson afirma que a série sempre quis mostrar exatamente como são as pessoas nos Estados Unidos.
— A nossa diversidade era uma questão de reflexão do que já vivíamos. Nós apenas dissemos "vamos mostrar como é a América". E, isso, naquela época, foi algo novo — reflete.
Para ela, a questão da diversidade na série atraiu espectadores jovens.
— Eles sentem que estão se vendo na série. Já o público mais adulto nos assiste pelas histórias, relacionamentos e personagens. Nós agradamos diferentes gerações ao mesmo tempo — analisa a atriz.
Apesar de a série parecer tão inclusiva nas telas, Ellen Pompeo, que vive a protagonista Meredith Grey, confessou em uma entrevista à revista americana Variety que os bastidores da série tinham um ambiente muito tóxico.
Acredito que um ambiente é aquilo que você coloca. Quando se coloca pensamentos positivos, dali sairão pensamentos positivos. Já quando se insere pensamentos tóxicos, todos sentirão isso"
CHANDRA WILSON
Agora, Wilson aprofundou um pouco mais o assunto. Segundo ela, no início das gravações, "todos tentavam ser muito legais uns com os outros. Mas, com o passar dos anos, as personalidades das pessoas começam a aparecer, como em qualquer outra família."
— Acredito que um ambiente é aquilo que você coloca. Quando se coloca pensamentos positivos, dali sairão pensamentos positivos. Já quando se insere pensamentos tóxicos, todos sentirão isso. Por isso, tivemos que aprender a nos tratar de forma positiva para criar um ambiente bacana — completou a atriz.
Ao contrário de uma família, a série deve chegar ao fim em algum momento. O final já foi especulado diversas vezes, mas nunca definido.
— O final de Grey's é um mistério para todos nós. Nós não temos nem ideia. Então, estamos todos os atores e os fãs nesta jornada juntos — diz Chandra.
A série é exibida pelo canal Sony, às segundas, às 21h. A 16ª temporada já está confirmada, com estreia prevista entre outubro e novembro no Brasil. Em setembro, os episódios das temporadas mais recentes da série médica chegarão também à Netflix.