Israel, o país judaico criado após a Segunda Guerra Mundial em 1948, homenageia os mortos durante o Holocausto nesta quinta-feira (2). Para aproximar das novas gerações a lembrança dos martírios passados pelo povo judeu durante os anos 1930 e 1940 na Europa, o israelense Mati Kochavi e sua filha Maya decidiram recontar esta história utilizando o Instagram. As informações são do The New York Times.
Inspirados nas páginas de um diário real, da adolescente Eva Heyman, assassinada em 17 de outubro de 1944, em Auschwitz-Birkenau, na Polônia, a produção conta com 70 episódios nos Stories do Instagram — que começam com relatos do cotidiano normal da adolescente de 13 anos e vão até seus últimos momentos, antes da morte no campo de extermínio.
— A memória do Holocausto fora de Israel está desaparecendo — explicou o criador da produção ao jornal norte-americano. — Então nós pensamos: vamos fazer algo realmente disruptivo. Nós encontramos o diário e dissemos: "Vamos imaginar que em vez de papel e caneta Eva tivesse um smartphone para documentar o que estava acontecendo com ela", então nós levamos um smartphone para 1944.
Com apoio de celebridades israelenses, como a atriz Gal Gadot — última interprete da Mulher Maravilha nos cinemas —, e do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a conta do Instagram já ultrapassou 1 milhão de seguidores.
Mas nem todos estão satisfeitos com a iniciativa. Nas redes sociais, muitos pontuaram que a produção pode ser desrespeitosa com os mais de seis milhões de judeus mortos durante o Holocausto na Europa. Principalmente quando questões técnicas como a falta de eletricidade nos campos de concentração é colocada em foco — uma vez que os prisioneiros não tinham nem ao menos condições básicas para viver, como comida o suficiente ou banheiros ou dormitórios dignos. A utilização de hashtags e emojis também foi questionada, como forma de criar uma atmosfera nem tão "obscura" para estes capítulos da história.
"Antes de mais nada, estamos falando de uma exibição de mau gosto", declarou o professor israelense Yuval Mendelson em um artigo sobre o assunto para o jornal Haaretz. "Em segundo, e muito pior, vão existir consequências. O caminho entre Eva's Stories até selfies nos portões de Auschwitz-Birkenau é curto, e no final essas pessoas vão se juntar ao coro sobre a juventude desconectada, sem valores e sem vergonha".