Muitos reencontros de personagens — alguns que não se viam desde o primeiro episódio da série — e grandes revelações marcaram a a volta de Game of Thrones à TV. A oitava e última temporada da série estreou na noite deste domingo (14) com um bocado de boas frases de efeitos e um avanço na trama maior do que o esperado para um primeiro capítulo.
O episódio, que rompe com um hiato de dois anos na exibição do seriado de fantasia, trouxe um pouquinho de ação, algum romance meio brega, uma corrida de dragões e reservou às cenas finais uma movimentação mais profunda no tabuleiro que é Westeros.
Atenção: o que vem a seguir é spoiler.
O episódio que abre a última temporada pôs na mesa uma batelada de testes de fidelidade: entre Jon Snow e seu povo, entre Jon Snow e Daenerys, entre Cersei Lannister e o irmão Jaime, e entre Cersei e seu aliado-problema, Euron Greyjoy.
Ao fim de vagarosa marcha, Jon (Kit Harington) e Daenerys (Emilia Clarke ), agora amantes, chegam a Winterfell e são recebidos por Sansa Stark (Sophie Turner), que é quem tem segurado as pontas por lá — e também a ansiedade do povo do Norte.
A chegada da herdeira Targaryen, com seus dois dragões, desconcerta os nortistas e os deixa ainda mais desconfiados do que já são. Só piora as coisas saber que Jon, que havia sido alçado à condição de rei do Norte, jurou lealdade a essa forasteira e se posta como seu vassalo. A novidade vai testar a fidelidade daquele povo ao senhor a quem outrora haviam aclamado. Sansa é quem toma as dores dos nortistas e verbaliza aquilo que está entalado na garganta de todos: estaria Jon se ajoelhando para salvar o Norte ou porque ama Daenerys?
O encontro entre as duas damas é tenso. Sansa não disfarça sua indisposição, e Daenerys também não alivia a situação ao perceber que a outra, orgulhosa, não irá se curvar a ela tão facilmente. Elas trocam farpas ao falarem dos dois dragões ali estacionados.
Já Jon reencontra Arya (Maisie Williams) e Bran (Isaac Hempstead-Wright), irmãos a quem não via desde a primeira temporada, em 2011. Os encontros eram aguardados pelos fãs.
A conversa com a primeira é amistosa e tem um toque de humor, quando ele pergunta se ela tem feito uso da espada que lhe deu de presente. "Uma vez ou outra" é a resposta. Já Bran hesita, num primeiro momento, e não revela ao irmão o grande segredo que ele descobriu e que pode alterar o jogo de poder.
O capítulo reserva menos cenas ao que acontece mais ao sul. Cersei Lannister (Lena Headey), que até então havia dado uma trégua em suas maquinações e se comprometido a ceder exércitos para a batalha contra os caminhantes brancos, não demonstra pavor ao descobrir que aqueles mortos-vivos romperam a gigantesca muralha de gelo.
O problema mais imediato com o qual a rainha tem de lidar é com Euron Greyjoy (Johan Philip Asbaek), seu aliado-pirata, que briga por mais espaço naquele xadrez político de Westeros. Se ele quiser algum lugar ao lado de Cersei no trono (e na sua cama), terá de mostrar a que veio.
— Se quiser uma puta, compre uma. Mas se quiser uma rainha, a conquiste — ela diz.
Euron parece aceitar o desafio, mas não dá muita atenção para a segurança de seus barcos. É que Theon (Alfie Allen) consegue se infiltrar neles para resgatar a irmã, Yara (Gemma Whelan). Digno de nota nesse núcleo é saber que Cersei planeja assassinar seus irmãos, incluindo Jaimie (Nikolaj Coster Waldau).
Corta de volta para o Norte.
Em expedição pelo ermo, Tormund (Kristofer Hivju) topa com o cadáver de um garoto nortista, aparentemente assassinado pelos caminhantes brancos. O intrigante é que o corpo do menino está disposto de tal maneira que a forma lembra a da insígnia dos Targaryen. Há algo ali que deve ser esclarecido no futuro.
Enquanto isso, Jon e Daenerys engrenam no romance, ainda inocentes quanto ao fato de serem parentes. Após uma vertiginosa corrida no lombo de dragões, eles chegam a um idílio escondido nas montanhas, repleto de cachoeiras — gancho para o momento cafona do episódio.
— Poderíamos ficar aqui mil anos — é o que diz a moça antes de ordenar ao rapaz que "aqueça sua rainha".
Ele prontamente o faz, tendo os dragões por testemunhas. A cena já tem gerado memes nas redes sociais.
Mas a crise é vindoura. Bran espreme Samwell Tarly (John Bradley-West) para que conte a Jon a respeito do que descobriu em suas pesquisas na Cidadela. Isto é, que o amigo, que julgava ser um bastardo, tem sangue Targaryen e é, portanto, o herdeiro de Westeros.
Tarly reluta em contar o segredo, mas algo precipita a revelação. É a conversa que ele acana de ter com Daenerys na qual descobre que seu pai e seu irmão, de quem nunca foi muito próximo mas, vá lá, foram executados depois de terem recusado apoiá-la. A cena em que ele se dá conta de que seus parentes estão mortos é um dos pontos altos do capítulo.
Ele corre, então, ao encontro do amigo e conta a verdade sobre seu sangue nobre. Jon não aceita, em princípio, mas se convence ao final. É o grande acontecimento de todo episódio.
A revelação irá ditar seu futuro com Daenerys e, mais do que isso, seu pleito ao trono de ferro. Se ele vai se deixar levar por essa ambição, é outra história.
O episódio termina com outro dos grandes reencontros de personagens. Cavalgando disfarçado, Jaime chega a Winterfell e dá de cara justamente com Bran, o garoto a quem ele deixou aleijado logo no fim daquele hoje longínquo primeiro capítulo de Game of Thrones.