Marcelo Adnet está num momento de partidas e chegadas. Ele se despede de 2018 apresentando, com a ex-mulher, a atriz e humorista Dani Calabresa, o especial A Gente Riu Assim, que vai ao ar na Globo nesta quinta (20), às 22h30 — após O Sétimo Guardião. O comediante também está em meio às gravações da 6ª e última temporada do Tá No Ar, que estreia dia 15 de janeiro.
Ao mesmo tempo, ele se dedica à finalização de seu novo filme, com nome provisório de Pulo do Gato — primeiro longa da carreira em que assina o argumento —, que deve ser lançado no ano que vem.
— O roteiro é do Lusa Silvestre, mas acompanhei todo o roteiro, estrelei o filme e coproduzi também, junto com a Casé Filmes, e tem direção de Felipe Joffily. Não é uma comédia tradicional, é um filme que tem uma dimensão dramática grande — explica Adnet.
Com o fim do Tá No Ar, o ator diz que terá tempo para pensar em outros programas, além de voltar a gravar uma nova temporada da Escolinha do Professor Raimundo.
A Gente Riu Assim é uma das retrospectivas exibidas pela Globo este ano. Haverá aquela tradicional, focada nas principais notícias de 2018, que vai ao ar no dia 28, e esse especial, que faz uma revisão do ano, só que pelo humor, mesclando os melhores trechos de Zorra, Tá No Ar, Escolinha e Choque de Cultura, cenas gravadas especialmente para o programa e imagens jornalísticas. Para Adnet, a sacada do projeto é justamente equilibrar jornalismo e humor.
— Porque a retrospectiva é normalmente pesada, trágica. O rir das coisas, o levar as coisas no humor, mesmo que tenha sido um dos anos mais difíceis dos últimos tempos, é uma maneira de encará-las. Então, acho que, mesmo nos momentos de adversidade, manter o humor é uma maneira de sobreviver — completa ele que, além de apresentar o especial, também faz parte do elenco.
O convite partiu do amigo Marcius Melhem, que passou a ser chefe dos projetos de humor da casa. No especial, ele é responsável pela supervisão artística ao lado de Daniela OCampo.
— Fiquei muito feliz de trabalhar de novo com a Dani (Calabresa), sou fã dela, tenho o maior carinho por ela, e foi muito legal a gente poder ter essa parceria nessa retrospectiva, lembrando os tempos de MTV — diz Adnet.
Após a separação, eles já tinham dividido a cena na Escolinha. No especial, Dani e Adnet vão reproduzir os papéis dos apresentadores de um programa de retrospectiva tradicional. Mas, claro, com texto repleto de humor. Haverá ainda participação especial de atores como Emilio Dantas e Fernanda Paes Leme, e haverá encontro de elencos dos programas humorísticos da Globo.
— Foi falado de tudo: eleição, Copa, João de Deus, os grandes temas do ano, algumas coisas com mais destaque, como eleições, novo governo, outras passando mais rapidamente, como Copa.
O mau humor dos eleitores
E, por falar em eleições e humor, Adnet protagonizou neste ano um projeto unindo essas duas vertentes e que fez sucesso na internet. O Tutorial dos Candidatos, feito para o jornal O Globo, trouxe vídeos em que o humorista imita os candidatos à Presidência.
— Não sabia imitar os candidatos a presidente, eu só arranhava um Eduardo Paes, o resto fui descobrindo, estudando", conta, que fez as gravações em sua casa, num esquema simples, à la youtuber.
— Eu queria dividir com as pessoas as coisas que eu tinha descoberto sobre as imitações de cada um. Aí criei o tutorial.
Adnet conta que recebeu telefonema de Marina Silva para elogiá-lo.
— Ela me ligou imitando eu imitando ela: "democraticamente".
E, por causa da imitação, o ator também sofreu ataques de eleitores de Jair Bolsonaro. Não de todos, Adnet ressalta, mas de uma parcela.
— Não são todos, tem eleitores do Bolsonaro que gostaram muito, que gostam de mim e do meu trabalho. Mas um grupo de eleitores, sim, me atacou, alguns espontaneamente, outros de maneira orquestrada, tem um monte de robô no meio. A gente não sabe o que é uma pessoa, o que é uma máquina. Só que, na internet, essa coisa de "não sabe", "não é sério", isso tem que ter um limite, que é a lei. Quando comecei a ler comentários do tipo: "Vou dar um tiro na sua cara", "vou matar você", pensei "isso é crime".
Como o tom foi se agravando, ele abriu processo contra quem o ameaçou de morte.
— Acredito estar fazendo um trabalho legal, não ofensivo a ninguém, que ajuda inclusive o debate político, e não preciso ter minha vida ameaçada por conta disso.