Uma boa novela precisa ser ágil, apresentar soluções ágeis e sem "cozinhar" demais o telespectador, certo? Depende. Há histórias que merecem — e precisam — ser degustadas aos poucos, como se fossem um prato saboroso ou um bom vinho.
É o caso de Espelho da Vida, atual trama das seis. Li várias críticas ao ritmo lento da história, que poderia afastar o público. Discordo. O desenrolar de duas vidas, de Cris e Julia, ambas interpretadas por Vitória Strada, precisa ser feito aos poucos. Os fios vão se juntando, até se entrelaçarem, mais adiante. Se tudo acontecesse rápido demais, enredaria tudo. É como disse sabiamente Janete Clair (1925-1983), criadora de clássicos da telinha como Irmãos Coragem (1970), O Astro (1977) e Pai Herói (1979), "novela é um novelo que vai se desenrolando aos poucos".
Mistérios de duas vidas
Cris decifra o Espelho da Vida de Julia Castelo aos poucos, conhece sem pressa as pessoas que fizeram parte de sua vida passada e, assim, vai descobrindo a si mesma e as relações de sua atual existência. A graça é justamente esta, seguirmos juntos, devagarinho, nesta intrigante jornada.