Lázaro Ramos não para. Tanto que vai estrear dois programas na TV em poucas semanas. Nesta segunda-feira (26), às 21h30min, começa a apresentar a 13ª temporada de Espelho, no Canal Brasil. Em meados de abril, retorna para o último ano de Mister Brau, na RBS TV.
Embora de gêneros distintos, as duas atrações têm em comum o fato de exibirem pluralidade de vozes e experiências. Nos novos episódios de Espelho, uma pergunta norteará as entrevistas: “O que você quer dizer de novo para o mundo?”. Para responder, Lázaro chamou nomes como Caetano e Zeca Veloso, Fernanda Torres, Djamila Ribeiro e Mônica Iozzi.
Em Mister Brau, o ator vai circular por Madureira, zona norte do Rio de Janeiro, e por Angola, na África, atrás das origens de Brau, depois que o cantor vê sua carreira ir por água abaixo.
Na entrevista a seguir, o ator baiano de 39 anos fala sobre os programas, conta como administra a rotina no trabalho e em casa ao lado da mulher, Taís Araújo, e ainda reflete sobre ser um símbolo de representatividade para os negros no Brasil.
Você está na TV, no teatro, lançou livro, nunca está parado. Com administra tudo?
Não estando sozinho, porque trabalho muito, mas tenho vários parceiros queridos e competentes que estão comigo em todos os projetos. Isso foi um aprendizado de vida. Antes era difícil, pois tenho a tendência de ser centralizador. Agora que aprendi a deixar na mão das pessoas, tudo fica muito mais fácil. Na verdade, não sou só eu, tem uma galera que está aqui e que me acolhe.
Nessa temporada de Mister Brau tem uma volta às origens do personagem. Como você e a equipe de roteiro chegaram a isso?
Todo início de temporada decidimos renovar. A gente se perguntou o que ainda não tinha sido mostrado do Mister Brau e era justamente a sua origem. O começo da série deveria ser a ascensão dele, mas, lá nos primórdios, resolvemos começar com esse cara já famoso. Aí fomos resgatar essa história e trouxemos o passado do Brau em Madureira, as pessoas que ele conhece, o universo criativo. Posso dizer que foi muito legal ter ido gravar no espaço Duto e, quando chegamos ali, falamos que aquilo também é ouro, tem que mostrar.
Quais as novidades dessa nova temporada?
Essa era para ser a temporada que iria descansar, porque já sabíamos que ia ter o Lazinho com Você (programa dominical exibido no final de 2017 na RBS TV), que acabaria de gravar muito próximo. A proposta de Mister Brau era levar a história para um lugar natural com o protagonismo da Michele (personagem de Taís Araújo). Mas meus companheiros de roteiro inventaram de me convidar para fazer outro personagem (Priscila, papel que interpretou no seriado Sexo Frágil, entre 2003 e 2004). Então, estou trabalhando ainda mais.
Com você e a Taís trabalhando juntos em Mister Brau, como fica a situação em casa? Acha que pesa mais para algum dos dois?
Lá em casa pesa muito para ambos do mesmo jeito. Quando programamos uma viagem, reduzimos o tempo quando vamos sozinhos para voltar e ficar com as crianças. Somos muito apegados! Deixamos as coisas de casal para mais tarde. A nossa programação é estar com os meninos. E não é por peso, é por prazer!
Muitas pessoas veem você como um símbolo de representatividade. Como se sente a respeito disso?
Representatividade importa, sim. É essa a frase que tanto tem sido dita e é verdade. Fico feliz por saber que não sou uma pessoa isolada que representa isso. Gosto quando vou na internet e vejo tantos youtubers, uma galera que está se posicionando, mostrando a sua cara, os seus pensamentos, o seu valor estético. Isso é um movimento muito saudável para a nossa sociedade. Não parte somente de mim, é um desejo de todos nós.
O Brasil passa por uma crise em vários setores, entre eles a segurança. Você se sente inseguro?
É um período muito triste. Ninguém está seguro seja lá onde for. Às vezes, alguns lugares chamam mais atenção, mas as cidades estão contaminadas por esse problema, é algo mais que urgente para trabalharmos. Tive a oportunidade de narrar o documentário A Guerra do Brasil (2017), do jornal O Globo, sobre os dados da violência no país, que é muito interessante. Alguns eu não conhecia e me chocaram. E agora? O que fazer a partir daí? Claro que penso muito no que temos de cobrar do Estado, em como devemos tratar a nossa polícia e nos relacionar com ela e com os desassistidos, mas também me preocupa como posso fazer parte dessa crise que vivemos todos os dias.