O que seria de Narcos sem o Pablo Escobar de Wagner Moura, alguns perguntaram. Com a morte do ícone do narcotráfico no final da segunda temporada, a dúvida era se a série conseguiria se manter interessante. Vistos os 10 episódios deste terceiro ciclo, lançado em 1º de setembro, a resposta é: sim. Narcos continua viva e ótima.
Como o próprio Wagner falou em uma entrevista de que ZH participou em 2015, o seriado coproduzido por José Padilha não era sobre Escobar, mas sobre o narcotráfico – e não faltam histórias inacreditáveis e grandiloquentes no mundo dos chefões da droga, seja onde for.
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Desta vez, o foco é o cartel de Cali, que se fortaleceu com a queda do rival de Medellín. Ainda estamos na Colômbia, mas não veremos explosões, assassinatos de políticos e carnificina de civis: os irmãos Rodríguez Orejuela (que já apareceram em outros momentos da trama) eram conhecidos como "Os Cavalheiros de Cali", justamente porque preferiam fazer seus negócios com discrição. Eles compravam políticos, não os matavam.
Aliás, a história começa quando os irmãos anunciam aos seus subordinados que fizeram um acordo com o governo para, em seis meses, entregar todas as suas operações em troca de anistia. Nem todo mundo gostou da ideia, como os traficantes do Norte do Vale do Cauca, que passaram a conspirar contra os chefes.
Quem não curtiu também foi nosso conhecido agente da DEA Javier Peña (Pedro Pascal), que vai à caça do cartel contra as ordens de seus superiores. Do lado da lei, Peña serve de elo com as temporadas anteriores e também de chamariz, já que Pascal virou um dos queridinhos da TV após sua carismática performance como Oberyn Martell em Game of Thrones.
Essa é uma das "liberdades poéticas" tomadas pelos criadores de Narcos – o verdadeiro agente Javier Peña não trabalhou na operação contra o cartel de Cali. A série é uma ficção baseada em fatos reais – segundo Eric Newman, a proporção entre realidade e ficção fica em 50-50. Então, ao fim, sempre dá aquela vontade de googlear o que realmente aconteceu. (Para sanar sua primeira curiosidade: sim, Pacho Herrera, interpretado por Alberto Ammann era mesmo abertamente gay.)
No ano que vem, Narcos vai ao México. E, de novo, não vai faltar pano para a manga.