O tema é atual, o ponto de vista é pertinente e as histórias transbordam a tensão para fora da tela. Carcereiros é daquelas séries que vale a pena sentar no sofá para horas de maratona – e dá para fazer isso de fato, já que os 12 episódios estão disponíveis somente no Globo Play.
Desarmado e de peito aberto, o agente penitenciário Adriano (Rodrigo Lombardi) lança luz sobre o difícil trabalho dos responsáveis por lidar cara a cara com os presos todos os dias. O sobressalto é rotina. Logo de início, os agentes estão apreensivos com uma possível rebelião. Depois, com uma fuga.E assim se constrói a inquietante trama de Fernando Bonassi, Marçal Aquino e Dennison Ramalho, esmiuçando da forma mais verossímil possível as angústias desses personagens da vida real.
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Lombardi cumpre bem o papel do profissional esforçado. Seu personagem é os olhos do público no sistema penitenciário e não compromete o arco maior da narrativa, que traz uma reflexão sobre a situação das cadeias brasileiras. O mix de passagens ficcionais e depoimentos de agentes funcionou, conferindo ainda mais dramaticidade à história e um bom ritmo.
Se houver uma segunda temporada, como já se especula em alguns sites, o diretor José Eduardo Belmonte deve ficar atento à organização dos elementos em cena. Não há ordem em uma chacina pós-rebelião, com corpos milimetricamente encaixados no chão do pátio do presídio. A confusão precisa ficar mais explícita, sem sistematização – como fica claro nas imagens de arquivo escolhidas.
Para quem se interessou por Carcereiros, mas não é assinante do Globo Play, será preciso esperar: a estreia na TV ocorrerá em 2018.
SÉRIE MÉDICA COM JEITINHO BRASILEIRO
O cardápio televisivo está cheio de séries médicas de sucesso, como Grey’s Anatomy, House e Chicago Med, mas é difícil encontrar alguma produção que retrate a realidade brasileira nesta área. De olho na lacuna, a Globo estreia, em julho, o seriado Sob Pressão – coprodução da emissora com a Conspiração Filmes. O enredo retrata os dramas e dilemas da equipe de emergência de um hospital público. Julio Andrade dá vida a Dr. Evandro, cirurgião-chefe da equipe médica, e Marjorie Estiano interpreta a religiosa e eficiente Dra. Carolina. Parceiros de trabalho, os dois têm em comum o desejo de salvar vidas – e acabam se aproximando. A direção geral é de Andrucha Waddington, e a redação final tem assinatura de Jorge Furtado.