Entrou nesta terça-feira no catálogo da Netflix a quinta temporada de House of Cards, um dos carros-chefe do serviço de streaming. Kevin Spacey, que na série dá vida ao democrata Frank Underwood, presidente norte-americano que não poupa esforços para consolidar seu nome na Casa Branca, falou por telefone com jornalistas da América Latina. Perguntas envolvendo a nova temporada, Donald Trump e o atual momento político vivido pelos EUA foram vetadas.
Em entrevista publicada pelo jornal O Globo, Spacey falou como a política na vida real influencia a maneira com que o público enxerga a trama e as ações de seu personagem.
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– Na China, muita gente vê o Frank como um homem que luta contra a corrupção, uma questão muito presente para eles. Já no Ocidente, as pessoas o veem como um ser um humano imprevisível, lutando contra Washington e quebrando várias regras. Ou seja, visto quase como um herói – diz o ator.
Sobre a orientação de não adiantar nada relacionado aos novos episódios, a Netflix mantém uma tradição das temporadas anteriores. O protagonista, que também é produtor do programa, entende isso como uma mudança na forma com que as pessoas consomem entretenimento após a chegada do streaming.
– No começo, pensamos não só em como fazer a série, mas também como distribuí-la. Fizemos o que a indústria fonográfica não tinha aprendido, que é dar conteúdo às pessoas quando e como elas quiserem, e com um preço razoável. Assim, elas vão pagar pelo serviço, em vez de piratear.
Spacey destaca ainda o papel das caixas de DVD, que popularizaram as maratonas de série, no surgimento desse novo cenário.
– Mesmo antes de House of Cards, já era fácil perceber isso com as caixas de DVD. Quando você perguntava a um amigo o que ele tinha feito no fim de semana, a resposta comum era: "Vi três temporadas de Breaking Bad". O público já amava ter controle sobre a maneira de se consumir entretenimento. Isso tudo para dizer que tem gente que sequer viu a primeira temporada, então por que sair dando spoilers? Não inventamos a tendência, apenas admitimos que era uma realidade.
Donald Trump não foi o único presidente que o ator evitou fazer sua avaliação pessoal. Kevin Spacey prefere manter uma certa distância e se exime de dar qualquer opinião sobre as ações de Frank Underwood.
– O público tem o direito de fazer um julgamento sobre o personagem, mas eu, não. Você pode rotular o Frank de herói ou anti-herói, mas eu sirvo apenas ao roteiro. Minha opinião, geralmente, não importa, porque ela não deveria importar. O que eu faço é proteger o personagem, mantê-lo naquele mundo fictício. E acho que fui bem-sucedido nesse sentido.