Novelas são feitas, prioritariamente, para divertir e entreter. Muitas vezes, porém, também podem ser educativas. Tramas de época se prestam às duas funções e costumam dar bons resultados nos índices de audiência. Só que, para serem compreendidas, carecem de conhecimentos prévios – algo que extrapola o ato de assistir à televisão. Por isso, foi espantoso quando a Globo revelou que precisou fazer ajustes em duas produções para tentar reverter um quadro de ignorância histórica revelado por pesquisas com telespectadores.
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Com bons textos e reconstituições de época caprichadas, Novo Mundo (18h) e Os Dias Eram Assim (23h) retratam dois períodos importantes da história do Brasil: a Independência (1822) e a Ditadura Militar (1964 – 1985). Embora muito estudados, ambos ainda são pontos de dúvida para parte das pessoas que participaram dos levantamentos da Globo.
No caso da novela das seis, que tem como núcleo central a história de Dom Pedro I (Caio Castro) e Leopoldina (Letícia Colin), os grupos focais, formados pelo canal para discutir a trama, evidenciaram que os receptores acreditavam que a história contada retratava o período da chegada dos portugueses ao país, sob o comando de Pedro Álvares Cabral. Já as turmas ouvidas sobre a supersérie relataram desconhecer os atos de violência cometidos pelas Forças Armadas nos Anos de Chumbo.
Ponto positivo é que o público demonstrou interesse em saber mais sobre tais momentos do país e não rejeitou as cenas fortes de tortura mostradas em Os Dias Eram Assim.
Diante de tais constatações, a Globo resolveu encarar a missão de tentar ser mais didática. Algumas adaptações foram feitas nas novelas para deixar mais claros esses períodos históricos. Ainda assim, os dados revelam mais sobre as fragilidades educacionais do país do que sobre as produções de dramaturgia da emissora.
VEM AÍ
Carcereiros
8 de junho, no Globo Play
Aumentando o investimento em conteúdo exclusivo para sua plataforma de streaming, a Globo estreará a série baseada no livro homônimo do médico Drauzio Varella. Estrelada por Rodrigo Lombardi, a produção conta os dilemas vividos por agentes penitenciários. Na trama escrita por Marçal Aquino, Lombardi é Adriano, carcereiro responsável por controlar o acesso às celas de um presídio. Enquanto tenta garantir o mínimo de tranquilidade no ambiente de trabalho, em casa ele precisa lidar com situações extremas. No mês passado, Carcereiros foi premiada no MIPDrama Screenings, realizado em Cannes, na França.