O longa de 2013 de Paolo Sorrentino, A Grande Beleza, que faturou o Oscar de melhor filme estrangeiro, é uma carta de amor a Roma, cidade dos santos e pecadores. Em seu novo trabalho, o diretor foca a atenção e as câmeras no santuário enigmático que a metrópole abriga, o Vaticano, em um projeto, no mínimo, ambicioso: uma minissérie de 10 horas estrelada por Jude Law como o primeiro Papa norte-americano da história.
Em The Young Pope, que estreia neste sábado, às 22h, no canal por assinatura FOX Premium 1 – que estará com o sinal aberto até este domingo –, Sorrentino mais uma vez mostra seu estilo. Cores saturadas e um toque de realismo mágico exaltaram algumas de suas preocupações recorrentes, como o poder e a solidão.
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A série começa com o personagem de Law, Lenny Belardo, um jovem belo e conservador com um leve sotaque nova-iorquino, sendo escolhido pelo conclave. Os cardeais resolvem optar por ele, em vez de seu mentor, porque esperam que um Papa mais jovem se torne o queridinho da imprensa, estimule os fiéis e seja maleável. Só que descobrem que o pontífice é completamente diferente.
Ele escolhe ser chamado de Pio XIII, nome cheio de significado na história da Igreja: Pio XI foi o Papa da era fascista, quando o Vaticano se tornou independente, em 1929, e Pio XII, durante a II Guerra e o Holocausto. Belardo fuma, usa chinelo de dedo e moletom branco, faz malabarismos com laranjas e exige Cherry Coke no café da manhã. Surpreende seus futuros assessores a todo instante, anuncia que quer cultivar seu "lado místico" e enlouquece os marqueteiros. Além de deixá-los falidos, pois não permite que seu rosto apareça em nenhum souvenir.
Sob a superfície cômica, porém, a série rapidamente passa para um território mais contemplativo, explorando questões sobre fé, dúvida e isolamento das pessoas em posição de poder.
Visão inusitada dos bastidores da Igreja
The Young Pope foi realizada depois que Lorenzo Mieli, diretor da Wildside, uma das produtoras que investiu na série, procurou Sorrentino com a ideia de fazer uma série sobre o Padre Pio, frei italiano muito popular que foi canonizado em 2002. Mas o diretor quis o Vaticano como foco.
– Durante anos (o Vaticano) foi tabu e tinha que ser tratado com tanto respeito que praticamente todo o trabalho na Itália era hagiografia. Já os norte-americanos exploravam a conotação do escândalo – diz Sorrentino, explicando que queria ficar longe de extremos:
– Teria que falar sobre o Papa, o clero e a exceção de ser humano, como todos nós – caracterizado por pontos fracos, fortes e contradições. E também quis que o Papa fosse dos EUA porque seria um fato inédito.
A produção não teve acesso às locações originais, com exceção das tomadas externas da fachada da Basílica de São Pedro. Assim, a Capela Sistina foi recriada em Cinecittà, o famoso estúdio romano. Elenco e equipe técnica trabalharam no Jardim Botânico da cidade e na Villa Medici, além de utilizar outras mansões espalhadas pela cidade para as cenas que se passam em Castel Gandolfo, a casa papal de verão.
The Young Pope tem 10 episódios de uma hora cada e conta com um elenco integrado por nomes como os americanos James Cromwell, Diane Keaton e Scott Shepherd, o espanhol Javier Cámara, os italianos Silvio Orlando e Tony Bertorelli, a belga Cécile de France e a francesa Ludivine Sagnier.