Elenco hollywoodiano e comédia dramática com toques de suspense, Big Little Lies já foi definida como uma espécie de mistura do filme Meninas Malvadas com a série Desperate Housewives. A trama, que estreia neste domingo na HBO, gira em torno da vida aparentemente perfeita de três mães de crianças que estudam juntas. As amigas são interpretadas pelas oscarizadas Nicole Kidman e Reese Witherspoon e pela indicada ao Globo de Ouro Shailene Woodley.
A história é baseada no best-seller homônimo da escritora australiana Liane Moriarty, traduzido no Brasil como Pequenas Grandes Mentiras. Na pele de Madeline, Reese Witherspoon interpreta uma mulher cheia de energia e boas intenções, obrigada a lidar com o ex-marido, Nathan (James Tupper), e sua atual mulher, Bonnie (Zoë Kravitz).
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Nicole Kidman dá vida a Celeste, que aparenta ter tudo para ser feliz: beleza, lindos filhos gêmeos e um marido bonitão, Perry, interpretado por Alexander Skarsgård (de A Lenda de Tarzan). Shailene Woodley (da série Divergente) é Jane, uma mãe solteira com passado misterioso, que mora há pouco tempo em Monterey, cidade californiana em que se passa a série. O trio estreita laços, mas, com o passar do tempo, a intimidade e a convivência levam as três a estabelecerem relações perigosas.
Nicole e Reese não apenas estrelam Big Little Lies. As atrizes são também as produtoras da série, que terá sete episódios. Após lerem o livro, elas procuraram Liane para comprar os direitos de adaptação e chamaram David E. Kelley (de Ally McBeal e The Practice), para escrever o roteiro, e Jean-Marc Vallée, dos filmes Clube de Compras Dallas (2013) e Livre (2014), para dirigir a produção. A experiência parece ter sido produtiva, tanto que Nicole e Reese acabaram de comprar os direitos de uma segunda obra da autora australiana (Truly Madly Guilty, ainda sem tradução no Brasil) para nova adaptação.
"Me aproximei visceralmente da Celeste", diz Nicole Kidman
Indicada ao Oscar 2017 de atriz coadjuvante por sua atuação em Lion, Nicole Kidman retorna à TV depois de mais de 30 anos – o começo de sua carreira, ainda na Austrália, foi em novelas e minisséries. Em Big Little Lies, ela também produtora ao lado de Reese Witherspoon. Na entrevista a seguir, ela fala mais sobre como
Sente que o panorama da TV mudou muito neste tempo em que esteve afastada?
A televisão atualmente é de alta qualidade, é requintada, e fico feliz por isso. Isso é bom para nós, os atores, que estamos sempre procurando boas histórias e oportunidades. Permanecer em apenas um meio é difícil. Há tantos atores, escritores e diretores talentosos no mundo que merecem oportunidades e, de repente, há oportunidades desse nível. Não há estigma, você pode alcançar um número tão grande de pessoas. A TV é um meio tão direto e que maravilhoso ter evoluído.
Em Big Little Lies você também é uma das produtoras. Como se envolveu com o projeto?
Bruna Papandrea, minha amiga australiana e antiga sócia de Reese, leu o livro. Ela e Reese me chamaram e disseram: "É esse que faremos juntas". Aí eu li o livro também e pensei: "Estou pronta, vamos lá". Então, fui para a Austrália, me encontrei com a Liane Moriarty, a autora, e pedi: "Por favor, se você nos deixar, vamos contar essa história". Ela foi tão tranquila, e respondeu: "Contanto que você faça Celeste".
Quais foram os estágios seguintes da produção?
Per Saari, meu parceiro na produtora Blossom Films, também se envolveu, e nós quatro trabalhamos nisso. Só que precisávamos de um escritor que pudesse montar essa linha tênue entre o drama e a comédia e que fosse adepto de explorar múltiplos personagens por episódio. Fomos abençoadas de encontrar David E. Kelley (de Ally McBeal e The Practice), que também se apaixonou pelo livro e sabia exatamente qual o tom a série precisaria ter. Em seguida, firmamos a parceria com a HBO e ele começou a escrever. Você nunca sabe o que vai encontrar no processo de escrita, mas nós lemos os episódios e ambas, Reese e eu, nos vimos em Madeline e Celeste. Então, Jean-Marc Vallée (que dirigiu Reese em Livre) leu e amou os primeiros rascunhos que mostramos e embarcou. O envolvimento de Jean-Marc foi fundamental para a ideia de que essa produção seria um grande filme e não apenas uma história em partes. A HBO nos deu uma data de início e encaramos. Depois de 18 meses já estávamos em gravação.
Quando Liane pediu para que você interpretasse Celeste, teve alguma ressalva em assumir um papel tão intenso?
Sim, foi intenso e muito emocionante para mim. E continua sendo. Fiz muita pesquisa e me aproximei visceralmente da personagem. Muitas cenas que fizemos foram muito físicas, mas eu queria que fosse assim porque queria que fosse autêntico, real. Tanto que me machuquei de verdade. Keith (Urban, seu marido) até me perguntava: "Que diabos está acontecendo no set?" Mas é assim que funciona, eu sinto através das coisas. Quanto mais velha fico, mais emocional e sensível fico também.
Quais foram as atrações dessa história para você?
O tom dessa peça é algo incomum. É bem triste, atual, profunda e também é divertida. O tom é louco para tentar navegar, mas Jean-Marc e David fizeram isso.
As filmagens foram transportadas de Sydney, na Austrália, para Monterey. Por quê?
Os temas são universais. Nós amaríamos filmar tudo em Sydney? Absolutamente. Mas para isso funcionar globalmente, Liane deu sua bênção para filmarmos na América. Um livro é um livro e funciona como uma entidade. Mas quando você transporta um livro para tela, seja qual for a forma que você fará isso, terá que aceitar o diretor e o roteirista para torná-lo artístico. Não vai ser exatamente a mesma coisa, vai ser um pouco diferente, mas é ok. Essa foi a bênção que Liane deu, por isso Jean-Marc pôde fazer do seu próprio jeito. Isso é cinema versus literatura.
Você gostaria de fazer mais televisão?
Definitivamente, faria mais televisão. Faço filmes o tempo todo e esses eles têm um lugar particular no mundo. Com Lion, nós tivemos que carregar aquela coisa para cima da montanha para chegar lá e as pessoas verem. Trabalhamos para levá-lo ao cinema e fazer as pessoas irem até lá para vê-lo. Uma história sobre um menino indiano e uma mãe adotiva, procurando a mãe biológica dele. Tivemos que trabalhar muito para colocar essa história lá. Acreditamos nela e é glorioso que tenha recebido a atenção que recebeu.
* Tradução João Praetzel e Gabriela Garcia