Não falei que o Ivo era de outra turma? Na primeira prova por equipe do MasterChef profissionais, nesta terça, o pernambucano radicado em Curitiba fez valer, novamente, seus 25 anos de experiência.
A prova começou com os já tradicionais – mas sempre interessantes – twists do programa. Eleitos os melhores do episódio anterior, Dayse e Ivo vestiram o avental de capitães. Na hora de escolher suas equipes, a surpresa: cada um teria de formar o time do outro. Dayse bem que tentou desestabilizar Ivo, seu ex-chefe, empurrando para ele Priscylla ("Ele não gosta de gente que fala demais") – e, de fato, ao longo da noite os dois se desentenderam: ela reclamou da montagem de um prato e levou um pito do líder. Eu também gostaria de dar um pito nela, por ter misturado "agilidade" e "rapidez" e servido uma nova palavra: "agilidez".
No fim das contas, a equipe azul ficou com Dayse, Dário, Marcelo, Izabela e Fádia. A vermelha, com Ivo, Priscylla, Luiz Filipe, Rodrigo e João. A missão era cozinhar um menu completo para 90 pessoas, incluindo os quatro jurados do X Factor – Rick Bonadio, Di Ferrero, Paulo Miklos e Alinne Rosa. Seriam 90 votos em disputa.
Ivo já largou vencendo – ou melhor, Dayse já largou perdendo ao optar pelo robalo como prato principal: evidentemente, peixes perdem em preferência popular diante de um bife ancho (corte de carne de origem argentina). Não à toa, existem muito mais churrascarias do que restaurantes especializados em peixes, né?
O quarteto do X Factor até que elogiou o robalo no vapor ao molho de laranja, mas dois erros graves do time azul indicaram que o vermelho acabaria vencendo. O primeiro: enquanto a turma de Ivo se esmerou na opção vegetariana (nhoque frito), a de Dayse foi franciscana em excesso: couve-flor, ervilhas e cenoura. O segundo: enquanto os vermelhos jogaram com segurança na sobremesa (duo de chocolate com compota de morango), os azuis inventaram de fazer bavaroise com purê de morango. O treco ficou líquido e com uma aparência pavorosa, além de não ter rendido o suficiente para todos os convidados. O resultado foi acachapante: 77 votos a favor de Ivo e companhia, 13 para Dayse e seus derrotados. Que sirva de lição a muitos competidores de MasterChef (e donos de restaurantes): saber confeitaria é um trunfo e tanto, pois, de modo geral, entre nós, os clientes, aquela famosa máxima se inverte – a última impressão é a que fica.
Assim que se consumou a vitória, Rodrigo, em um depoimento, vibrou:
– Mezanino! Primeira vez!
Acho que menos de um minuto depois, Fádia comentou:
– Alegria de pobre dura pouco!
É que o MasterChef reservava outro twist, outra virada de rumo: Ivo teria de sacrificar a si próprio ou um de seus comandados. Um dos vencedores teria que disputar a prova de eliminação. Sobrou para o coitado do Rodrigo – sério, deu pena ao ver seu rosto embranquecer. Pela terceira vez em três episódios, o ex-modelo carioca precisaria lutar pela sobrevivência.
Na prova de eliminação, Rodrigo, Dayse, Dário, Marcelo, Fádia e Izabela deveriam apresentar uma receita de coelho desossado e recheado. Mesmo abalado, Rodrigo encontrou forças dentro de si e serviu a Ivo um prato de vingança: sua coxa recheada de cogumelos com molho de vinho foi elogiada pelos jurados e só perdeu para o coelho com purê de repolho roxo caramelizado de Marcelo – "É uma das melhores coisas que eu já comi na vida!", afirmou Paola, que também classificou de "dramático" o prato, por conta de seu impacto, de sua força. O triunfo revelou mais uma desavença entre os competidores – Luiz Filipe, o da boina, não segurou o descontentamento:
– Esse idiota do Marcelo...
Dayse e Dário se safaram com "nota 7", como disse Fogaça. A decisão seria entre Fádia, com sua overdose de ingredientes, e Izabela, com sua overdose de acidez. Caiu fora Izabela. Ao sair, provocada por Ana Paula Padrão diante da quarta eliminação feminina no MasterChef (agora restam três mulheres, contra seis homens), ela comentou sobre o machismo da profissão:
– Mulher não é chef. É cozinheira, né?