Com apenas dois episódios de MasterChef profissionais, já deu para dividir as turmas dos competidores: existe o Ivo e existe o resto. Pernambucano radicado em Curitiba, consultor da rede Alessandro & Frederico, ele vem fazendo valer seus 25 anos de experiência. Na estreia do programa, ganhou a prova da releitura do talharim à carbonara e mostrou que pulso não lhe falta para comandar uma cozinha sob pressão – chamado do mezanino para ajudar na prova de eliminação, inverteu os papéis com Izadora (numa atitude que muitos, inclusive eu, identificaram como machista): Ivo é quem deu ordens, e ela virou coadjuvante.
Ivo também sobrou no episódio desta terça-feira, que começou com um teste de habilidade: os candidatos deveriam degustar e, sem instruções, reproduzir o arroz de bacalhau, com posta confit e emulsão de bacalhau, prato do restaurante paulista Tête à Tête, que tem uma cobiçada estrela no Guia Michelin. O chef veterano foi um dos poucos a acertar os ingredientes – não incorreu no equívoco do aspargo, por exemplo. Não venceu, ficou em segundo, mas foi o suficiente para se livrar da prova de eliminação – e saboreou a vitória de Dayse, afinal, ela já havia trabalhado para ele e aprendido com ele em um restaurante. Outro concorrente foi imunizado: Luiz Filipe (que na estreia achei arrogante mas agora estou achando apenas autoconfiante – e é nítido que saber ele sabe).
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A patota restante encarou a prova de pressão. Tinham apenas 20 minutos para cozinhar, tendo à mão ingredientes como lula, cogumelos, limão siciliano e tomatinhos. Safaram-se Dário (que só pela concentração e pela humildade já merece minha torcida – mas aquela cabeleira solta na hora de cozinhar não dá para entender), Priscylla (que, na primeira prova, de novo teve ajuda de um concorrente – e que quase foi sabotada por outro: Ricardo havia pego por engano seu bacalhau) e João (ah, não! O "professor" pernambucano é o insuportável da vez – considera-se o rei da técnica). Os demais receberam críticas ferozes dos jurados.
– Parece que estou comendo uma torta de limão dentro de uma peixaria – definiu Jacquin ao queixar-se do excesso de açúcar de um dos pratos.
– Foi uma das piores coisas que comi na minha vida – afirmou Paola sobre a gororoba apresentada por Marcelo (lula, ovos mexidos à francesa, limão e mel).
– Em qualquer lugar do mundo, o cliente pediria sal, pimenta e azeite e diria: "Vou terminar o trabalho do cozinheiro" – disse o chef francês a Rodrigo.
Na segunda etapa, o tempo diminuiu: 15 minutos, repetindo os ingredientes. Era o MasterChef em noite petista ("Lula lá!") ou em noite anti-PT ("Vamos fritar o Lula!"), fica ao gosto do freguês. Fádia e Marcelo souberam ouvir os jurados, consertaram os erros dos pratos anteriores e subiram ao mezanino (a propósito: como apreciador da culinária árabe, simpatizo com Fádia, e o Marcelo ganhou meu carinho nesta terça ao resgatar a expressão "putzgrila").
Ficaram para a finaleira Ricardo, Rodrigo e Izabela. O astro do prato mudou – cordeiro –, e o tempo caiu de novo: 10 minutos. Dez minutinhos para salvar sua pele! O lado psicológico falou alto: Rodrigo e Izabela, que pareciam mais calmos, sobreviveram. Ricardo, que é dono de restaurante e até foi bem na primeira parte da prova, sucumbiu à pressão. Inventou de tentar fazer um purê de inhame (não haveria tempo), trocou azeite por balsâmico, não cozinhou direito seu cordeiro. Agora, restam 10 competidores. Ou melhor: nove competidores brigarão por uma vaga na final contra o Ivo.