Os 32 anos tornaram-se quase uma idade de ouro para os millennials, como é chamada a geração de nascidos entre 1985 e 1999. Afinal, é nesta altura da vida, quando os estudos geralmente já foram concluídos, que o reconhecimento no trabalho começa a despontar. Para alguns, é também este o momento em que surgem os primeiros planos de constituir família. Um período promissor. Quem agora chega a ele é a Casa de Cultura Mario Quintana. A idade de ouro do equipamento cultural administrado pelo governo estadual será celebrada neste domingo (25), a partir das 17h, com shows gratuitos das artistas gaúchas Filipe Catto e Negra Jaque.
E há mesmo muita coisa a comemorar. Millennial que é, a Casa de Cultura chega aos 32 anos vivendo uma de suas melhores fases até aqui, segundo o diretor da instituição, Diego Groismann.
— A Casa está em um ótimo momento, tanto em termos de estrutura física, que está sendo cuidada e preservada, quanto em termos de programação. Como instituição, traz a experiência dessas mais de três décadas e, amadurecida, consegue se organizar para continuar produzindo cultura de qualidade. Diria que a Casa de Cultura Mario Quintana chega aos 32 anos muito orgulhosa da sua história — avalia o gestor.
Tal história iniciou-se em 1980, quando o prédio que hoje abriga a Casa de Cultura e onde antes funcionava o Hotel Majestic, icônico na Porto Alegre das décadas de 1930 e 40, foi comprado pelo Banrisul. Dois anos depois, o edifício centenário foi adquirido pelo Governo do Estado e, em 1987, começou a ser transformado em Casa de Cultura Mario Quintana — homenagem ao poeta, que viveu por quase 15 anos no quarto 217 do Majestic. A inauguração oficial ocorreu em 25 de setembro de 1990.
Até a efeméride celebrada neste domingo, muita coisa aconteceu entre as paredes cor-de-rosa da instituição. Uma delas foi a pandemia de covid-19, que afastou o público das sacadas, passarelas e saletas da Casa e impediu uma comemoração física nos 30 e nos 31 anos, completados ambos durante a crise sanitária. Por isso que a festa de 32 anos tem um gostinho ainda mais especial. Primeiro, porque vem para recuperar à altura o período sem celebrações, garante o diretor.
— O clima vai ser de festa mesmo. A Negra Jaque vai começar aquecendo o público como DJ e, depois, a Filipe fará um show bem animado, com um repertório de hits dançantes — adianta Groismann. — Teremos uma mulher trans e uma mulher negra comandando essa festa. Isso mostra o quanto a gente quer uma Casa de Cultura inclusiva e diversa. Sempre temos a preocupação da diversidade na nossa programação, e isso passa pelos diversos públicos e também pelos diversos artistas.
A função é especial, ainda, porque nestes últimos dois anos pandêmicos a instituição passou por melhorias que são importantes para a manutenção da sua longevidade. Por exemplo, a modernização dos elevadores, que contam agora com recursos de acessibilidade, e a aprovação do Plano de Prevenção de Incêndios, concedido após adequações na estrutura.
Houve também a inauguração de novos estabelecimentos comerciais, que, conforme o diretor, têm funcionado como um atrativo a mais para que o público visite a instituição. Outro destes novos é a abertura de exposições de artes visuais na Casa de Cultura, que se impõe cada vez mais como um ponto de encontro de todas as artes.
— As exposições permitem que as pessoas tenham muito mais coisas para ver em uma visita e faz com que elas não venham somente para uma programação pontual. É diferente, por exemplo, da dança ou da música, que acontece pontualmente — analisa Groismann, salientando que pela primeira vez a instituição está participando da Bienal do Mercosul, com obras espalhadas por diferentes andares, da Travessa à cúpula. — A Casa está ganhando ares de museu — resume.
Parece mesmo, pois, além das mostras já em cartaz, em outubro será inaugurada uma exposição inédita sobre o sergipano Arthur Bispo do Rosário, com obras dele e de outros artistas. Mas, ao contrário do que é praxe na maioria dos museus, a instituição não está mais fechando às segundas-feiras. Agora, é possível visitar o espaço todos os dias. Uma resposta à ânsia do público por voltar a consumir cultura presencialmente.
— Um espaço como a Casa de Cultura tem que ser aproveitado ao máximo, tem que estar sempre disponível para o público. Nesse pós-pandemia, as pessoas estão precisando de um lugar para se encontrar e para voltarem a encontrar as manifestações culturais. E isso está trazendo muita vida para o nosso espaço — afirma o diretor.
Com tantas razões para comemorar a chegada aos 32 anos, a Casa de Cultura Mario Quintana se permite continuar sonhando com os anos que virão. O desejo é de que estes também sejam de conquistas e melhorias para celebrar junto aos porto-alegrenses. Conforme conta a presidente da Associação de Amigos da Casa de Cultura Mario Quintana, Liana Zogbi, todos na instituição já sabem qual pedido fazer ao soprar as velinhas dos 32:
— O nosso sonho agora é a reforma do Bruno Kiefer. Queremos reformar todo o teatro, desde o espaço, cadeiras, tudo. Porém, é uma reforma bem cara, sobretudo nessa retomada da pandemia, quando as coisas ficaram bem mais difíceis. Estamos batalhando em prol disso, é o que mais estamos perseguindo no momento. Quem sabe um dia conseguimos.
32 anos da Casa de Cultura Mario Quintana
- Neste domingo (25), a partir das 17h, na Travessa dos Cataventos, no térreo da Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736), em Porto Alegre, com shows de Negra Jaque e Filipe Catto.
- Entrada gratuita.