Em meio a sanções políticas e econômicas por conta da invasão à Ucrânia, a Rússia vem sofrendo boicotes também no setor cultural. De Hollywood a Cannes, diversos eventos estão banindo a participação russa como forma de manifestar repúdio aos ataques.
O país também enfrenta o cancelamento de estreias de filme e shows. Confira as principais:
Cinema
Warner, Sony e Disney, três dos maiores estúdios de Hollywood, cancelaram as estreias de seus filmes no país. Entre os lançamentos afetados estão os aguardados Batman, estrelado por Robert Pattinson, e Morbius, com Jared Leto, além da animação Red - Crescer É uma Fera.
A Paramount também retirou seus próximos lançamentos dos cinemas russos. A decisão afetará títulos como Cidade Perdida e Sonic 2: O filme.
No campo das mostras, as sanções continuam. O Festival de Cannes, na França, um dos mais importantes do cinema mundial, anunciou que banirá a participação de delegações russas no evento enquanto perdurarem os ataques.
"Decidimos, a menos que a guerra de agressão seja interrompida com condições satisfatórias para o povo ucraniano, não receber delegações oficiais procedentes da Rússia, nem aceitar a presença de qualquer órgão relacionado ao governo russo", informou o festival, em comunicado. "Fiel à sua história, que começou em 1939 resistindo às ditaduras fascistas e nazistas, o Festival de Cannes estará sempre a serviço dos artistas e profissionais do cinema cujas vozes se erguem para denunciar a violência, a repressão e as injustiças, e para defender a paz e a liberdade", justificou.
O Festival de Glasgow, que inicia nesta quarta-feira (2) no Reino Unido, retirou a participação dos filmes russos No Looking Back e The Execution. Já o Festival de Estocolmo, na Suécia, marcado para novembro, anunciou que não incluirá na programação nenhum filme que conte com incentivo do governo russo para sua produção.
Música
Na música, as sanções começam pelo Eurovision. Considerado como a maior competição de música do mundo, o evento reúne delegações dos países europeus para uma disputa entre seus representantes. Em um primeiro momento, a organização chegou a afirmar que permitiria que a Rússia contasse com um representante, mas voltou atrás após críticas, anunciando posteriormente que nenhum artista russo seria aceito.
"A decisão reflete a preocupação de que, à luz da crise sem precedentes na Ucrânia, a inclusão de uma entrada russa no concurso deste ano traria descrédito à competição", afirmou a organização do Eurovision.
Na última terça-feira (1ª), a direção da Filarmônica de Munique, na Alemanha, decidiu desligar o maestro russo Valery Gergiev, que é próximo de Putin. A decisão vem após o presidente da capital da Baviera, Dieter Reiter, dar a Gergiev um prazo para "se distanciar de modo claro e categórico" da invasão russa à Ucrânia, mas o músico não se manifestou.
O artista também sofreu sanções por parte dos festivais de Verbier, na Suíça, de Edimburgo, na Escócia, maior evento de concertos ao vivo do mundo. Os eventos exigiram e aceitaram a renúncia do maestro como diretor de suas orquestras. Na sexta-feira (25), o Carnegie Hall, de Nova York, deixou o diretor russo de fora de uma série de apresentações com a Filarmônica de Viena. Já no domingo (28), o agente artístico dele, o alemão Marcus Felsner, decidiu deixar de representá-lo.
Shows que deveriam ocorrer na Rússia também foram cancelados por diversos artistas. Green Day, The Killers, Franz Ferdinand, Nick Cave and The Bad Seeds e Iggy Pop são alguns nomes que anunciaram a suspensão de suas apresentações no país.
Artes plásticas
A Bienal de Veneza, uma das mais tradicionais, marcada para abril, não contará com representação russa. A mostra não proibiu a participação do país, mas os artistas russos Kirill Savchenkov e Alexandra Sukhareva optaram por retirar seus trabalhos, afirmando que "não há espaço para arte enquanto civis estiverem morrendo sob o fogo de mísseis".
O curador do pavilhão da Rússia, Raimundas Malasauskas, também renunciou sua participação na Bienal. Assim, o espaço reservado às mostras do país deve permanecer fechado.
Dança
As sanções atingiram até mesmo o renomado balé russo Bolshoi. Em meio à onda de boicotes, a Royal Opera House, em Londres, cancelou a temporada de apresentações da companhia no espaço.
O Balé Estatal Russo da Sibéria, outro importante representante da dança clássica no país, também enfrenta sanções. A companhia teve canceladas apresentações em Northampton e Wolverhampton, na Inglaterra, e em Dublin, na Irlanda.
Museu de cera
A estátua de Vladimir Putin no Museu Grevin de Paris, o museu de cera da capital francesa, foi removida do hall de chefes de Estado, conforme informações da Reuters, em um ato histórico na instituição. Em entrevista à rádio France Bleu, o diretor do museu, Yves Delhommeau, explicou a decisão:
— Hoje não é mais possível apresentar um personagem como ele. Pela primeira vez na história do museu, estamos retirando uma estátua por causa de eventos históricos em andamento.
O diretor ainda afirmou que o espaço vago com a retirada da estátua de Putin pode vir a ser preenchido com um ícone do presidente ucraniano Volodimir Zelensky.
— Ele se tornou um herói por ter resistido e por não ter fugido de seu país. Ele poderia perfeitamente ocupar seu lugar entre os grandes homens da história e hoje — justificou Delhommeau.