A atriz Regina Duarte publicou, na madrugada desta quinta-feira (11), um vídeo em que defende a sua gestão de quase três meses à frente da Secretaria Especial da Cultura. Até esta manhã, a postagem no Instagram tinha mais de 250 mil visualizações. A exoneração de Regina foi oficializada em Diário Oficial da União na quarta (10).
— Aqui eu tive momentos de dor, de êxtase, tive inseguranças, risos, lágrimas. São troféus que eu vou levar para o resto da minha vida —disse a atriz.
No vídeo, com duração de 14 minutos, ela reclamou dos entraves e da "lentidão burocrática" que enfrentou, além de criticar, novamente, a polarização da classe artística:
— Quando eu aceitei o convite pra vir pra cá, a minha principal motivação foi sempre, em primeiro lugar, contribuir com a pacificação do setor. Meus objetivos básicos eram ganhar confiança do governo e com isso reduzir o clima de "polaridade" reinante na classe artística. Cultura combina com pluralidade, não com antagonismo.
Segundo ela, o "bater por bater" do meio político é prejudicial à nação e principalmente "com quem lida com o fazer cultural":
— Objeto da cultura é o respeito à pluralidade. É uma atividade que deveria ser vista e tratada num terreno superior, acima da água escura da intolerância politica.
A atriz também defendeu a publicação da instrução normativa que foi feita em sua gestão e que traz mais flexibilidade para procedimentos de captação, execução, prestação de contas e avaliação de resultados dos projetos culturais apresentados por meio do mecanismo de incentivo a projetos culturais do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Ela ainda apresentou alguns projetos que desenvolveu com a equipe, mas ainda não foram implementados:
— Os projetos são muito especiais pra mim, porque vão ajudar o pessoal de cultura a se manter ativo, forte.
Regina citou uma linha de crédito que, segundo ela, disponibilizará "milhões de reais" do Fundo Nacional de Cultura, os "empréstimos reembolsáveis" ("as taxas de juros são bem abaixo do que é praticado no mercado e o prazo de carência para o pagamento é o menor que existe na praça e, tudo isso, com muito menos burocracia"), um crowdfunding para incentivar produções culturais pelo país e dois editais, um para roteiristas estreantes e outro de literatura para jovens.
Ela também voltou a dizer que, em poucos dias, o governo deve convocar a reunião do comitê gestor responsável por definir as diretrizes e o plano anual de investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), principal fonte de financiamento do setor.
Ao final, a atriz se despediu emocionada:
— Agradeço de coração ao presidente Bolsonaro pela oportunidade de chegar mais perto de um lugar onde eu jamais pensei estar. Secretaria Especial de Cultura do meu país. Saibam todos que saio da secretaria com o coração irrigado pelo carinho de vocês. Contem sempre com a minha amizade. E desculpa alguma coisa, tá? Não é assim que se fala nas despedidas?
Regina disse que, por três meses, ocupou um cargo que exigiu experiência, estratégia e táticas diferentes do que foi preparada para a vida:
— Um enorme desafio. E de repente, gestão. Gestão pública, quem diria. Na minha vida! É a vida, essa experiência incrível.