Novo secretário especial da Cultura, Mario Frias afirmou que os artistas não querem "esmola" ao se referir ao auxílio emergencial de R$ 600, benefício previsto pela Lei Aldir Blanc, aprovada no Congresso Nacional há um mês para ajudar trabalhadores do setor cultural. Em uma conversa com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em um canal no YouTube, divulgada neste fim de semana, o ator afirmou que está pensando em outros projetos para a área.
— Os artistas não querem esmola. A maioria dos caras está querendo trabalhar. O cara não está satisfeito em receber o auxílio. É claro que a gente precisa do auxílio. A Lei Aldir Blanc foi muito bem colocada, vamos tentar que essas verbas cheguem pra quem realmente precisa. Mas eu já estou com outros projetos para que a gente consiga apoiar os grandes e pequenos cinemas, porque os cinemas são a ponta — disse.
A proposta ainda não foi sancionada por Jair Bolsonaro. O prazo termina nesta segunda-feira (29). Caso o presidente não se manifeste, a lei entra em vigor de forma automática.
Durante a conversa, Mario Frias disse que está "em comunhão" com Bolsonaro:
— O patrão quer uma linha estética. E é essa linha estética que será privilegiada. Não é limitada. Não vou limitar, não vou privilegiar — comentou.
O substituto de Regina Duarte também relembrou seus tempos na televisão. Mario Frias falou sobre sua carreira como ator e galã de Malhação, dizendo que os profissionais que passaram pela atração adolescente podem ser "mais preparados que atores de teatro":
— Muita gente acha que Malhação só revela atores, mas ali tem formação de diretores, equipe de áudio — contou. — Tenho 13 anos de TV Globo, é uma escola, é um padrão. Basta para que você olhe uma imagem e aquilo te constranja: "pô, tá errado". É um senso crítico que aquilo te desenvolve — completou.
Mario Frias também afirmou que se sentiu "como um ET" ao se declarar um defensor do presidente Jair Bolsonaro e receber críticas de colegas artistas.
— A ideologia é muito forte ali — disse.
Deputada rebate
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), relatora do texto que serviu de base para aprovação no Congresso da Lei Aldir Blanc, rebateu a colocação de Mario Frias sobre o auxílio emergencial, dizendo que os R$ 600 foram uma conquista do Congresso, porém a proposta vai além:
— A lei também socorre com R$ 3 bilhões os espaços comunitários, coloca recursos para fomento de atividades artístico-culturais e fortalece a diversidade cultural — explicou a deputada ao portal Uol.