SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A pandemia do novo coronavírus tem atingido com força o setor da classe artística. Teatros fechados, shows adiados e gravações de novelas suspensas por tempo indeterminado, tem feito com que muitos artistas se manifestassem a favor do apoio e incentivo à cultura.
Malu Galli, 48, faz questão de defender sua classe em meio ao contexto sociopolítico conturbado que envolve o setor. "Estamos vivendo um massacre da cultura, uma espécie de demonização dos artistas", diz a atriz, em entrevista por meio videochamada. Atualmente, a atriz está na TV em duas reprises da Globo, "Totalmente Demais" e "Malhação: Viva a Diferença".
A saída de Regina Duarte da Secretaria Especial da Cultura do governo Jair Bolsonaro fez com que parte da classe artística se organizasse para pressionar a aprovação da Lei de Emergência Cultural-batizada de Lei Aldir Blanc, em homenagem ao compositor e escritor Aldir Blanc, que morreu no início de maio.
No dia 4 de junho, o Senado aprovou projeto que libera R$ 3 bilhões para pagamento de renda mensal a trabalhadores da cultura, manutenção dos espaços artísticos e para ações que ajudem o setor durante a pandemia causada pelo novo coronavírus. Por ter sido aprovado sem modificações em relação ao texto que veio da Câmara, a proposta será encaminhada diretamente para sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Galli foi uma das apoiadoras do projeto. "Sabe, neste momento as pessoas precisam sobreviver, de fato." Ela afirma que o entendimento sobre a importância da arte em tempos tão sombrios ainda é deturpado. "A grande maioria dos brasileiros talvez ainda não tenha olhado para isso, para a valorização da cultura, não só dos artistas, mas de todos os profissionais que trabalham nesse setor."
Antes das reprises, Malu Galli estava na novela "Amor de Mãe" (Globo), que teve gravações interrompidas com o avanço da pandemia do novo coronavírus. Na trama de Manuela Dias, a atriz interpreta Lídia, uma mulher bem-sucedida financeiramente, que tenta superar o término do casamento com um novo amor. Ela, porém, é enganada pelo sujeito, Tales (Alejandro Claveaux), que está interessado apenas no dinheiro dela.
Apesar de a Globo ter comunicado que estuda retomar as gravações entre julho e agosto, Galli afirma ter uma visão mais pessimista sobre o assunto. "A tendência, pelo menos num futuro próximo, é ainda vermos muitas reprises até que tudo volte ao normal, a gente volte a produzir, gravar. Esse ritmo ainda vai demorar para voltar."
Amiga de Aline Fanju, com quem contracena em "Totalmente Demais", atual reprise das 19h, Malu Galli diz que a novela tem um lugar especial em seu coração. "Foi muito gostoso, a gente vivia na nossa bolha", recorda a atriz, que também faz questão de exaltar a sua parceria com Aílton Graça.
Como Marta em "Malhação: Viva a Diferença", ela diz que a trama ainda se parece muito atual nos dias de hoje, embora tenha sido exibida e produzida em meados de 2018, há dois anos. "É engraçado porque é muito atual", diz a atriz, especialmente sobre a luta da valorização das escolas públicas, da qual sua personagem é engajada. "A escola pública vem sido desmantelada há muitos anos, mas naquele momento era de afirmação. Hoje em dia isso parece muito mais urgente."
Questionada sobre se estar nas telinhas em duas novelas ao mesmo tempo é algo positivo, Malu Galli afirma não ver reclamações dos telespectadores. "Eles não se queixam, acho que isso é um problema da emissora. A tendência, e eu vejo isso com bons olhos, é de abrir o mercado para novos rostos, outros atores", comenta.