Atriz e secretária de Cultura do governo Jair Bolsonaro, Regina Duarte falou em entrevista ao Fantástico que lamenta ter "perdido tanto tempo" com ataques sofridos na internet. Ela foi empossada no dia 4 de março. No seu primeiro dia de trabalho, exonerou uma série de assessores que trabalhavam com o antigo secretário, Roberto Alvim, alguns deles ligados ao escritor Olavo de Carvalho. Depois das exonerações, Olavo afirmou que havia se arrependido de endossar a escolha de Regina Duarte para a secretaria, e militantes apoiadores do escritor e de Jair Bolsonaro a criticaram na web.
— Temos muitas pautas positivas já. Eu só lamento ter perdido tanto tempo desfazendo intrigas que foram criadas, fake news, acusações não verdadeiras a respeito da proposta da equipe que está comigo. A gente está começando a trabalhar na semana que entra, porque até aqui estivemos ocupados com enormes dificuldades de toda uma facção que quer ocupar esse lugar. Quer que eu me demita, que eu me perca — disse Regina Duarte.
Ela também afirmou que as saídas provocaram "incêndios" na sua equipe na Cultura.
— Já tem uma hashtag #foraregina. Eu nem comecei! Esta semana eu estive lá tentando apagar alguns incêndios que as nomeações e exonerações provocaram, como se fosse a primeira vez na vida que em política alguém entrasse para gerenciar, digamos, uma pasta pública e fizesse esse tipo de coisa. Exonerações são necessárias. Eu quero ter uma equipe na qual eu possa confiar — disse Regina Duarte.
A secretária também falou sobre a permanência do jornalista Sérgio Camargo à frente da Fundação Palmares. Contrário ao movimento negro, Camargo teve a sua nomeação suspensa por ordem judicial em dezembro de 2019, devido aos seus comentários na web a favor de colocar "preto militante na cadeia" e afirmando não ter nada a ver com "a África, seus costumes e religião". A nomeação de Camargo foi liberada posteriormente.
Para Regina Duarte, Camargo é um "ativista, mais que um gestor público":
— Voltamos aí a essa situação da política, que interfere no fazer cultural, na medida em que temos uma pessoa que é ativista, mais que um gestor público. Estou adiando esse problema porque essa é uma situação muito aquecida. Não quero que esse desequilibro que estou percebendo aí ganhe mais espaço. Que baixe um pouco a temperatura. E logo, logo, a gente vai ver. O que tem força vai ser.
A atriz afirmou também que viveu "altos e baixos" nos seus primeiros dias diante da Secretaria da Cultura, com pessoas que queriam "fazer ativismo".
— Você percebe que tem pessoas que estão ocupando cargos e usando esses cargos para fazer ativismo, para se eleger nas próximas eleições.No nosso caso, meu e da equipe, o que a gente quer é fazer cultura — afirmou.