Políticos, artistas e outras personalidades se manifestaram nesta sexta-feira (17) sobre o vídeo divulgado por Roberto Alvim, agora ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro, na noite de quinta-feira (16), em que parafraseia discurso de Joseph Goebbels. Alvim acabou exonerado do cargo nesta sexta.
O vídeo, para divulgar o Prêmio Nacional das Artes, foi postado pela Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro, lançado horas antes em transmissão ao vivo na internet com a participação do próprio presidente.
O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, afirmou que o ex-secretário "ultrapassou todos os limites ao optar pela clara e aberta apologia ideológica do regime nazista".
— A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada — disse o ministro de cultura e comunicação de Hitler em um pronunciamento para diretores de teatro, segundo o livro Joseph Goebbels: uma biografia, de Peter Longerich.
— A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada — afirmou Alvim no vídeo postado nas redes sociais.
Para Alvim, a semelhança dos discursos trata-se apenas de coincidência, mas ele também disse ter considerado "perfeita" a frase de Goebbels sobre arte.
Confira a seguir a repercussão do assunto nas redes sociais
Michel Laub - escritor e jornalista gaúcho
"Muitos ainda veem o extremismo do governo como folclore, algo que estaria nas margens de um programa conservador regular, digamos. Basta ouvir uma única fala de Bolsonaro desde 1987, quando ele apareceu na vida pública com um plano de bombardear quartéis no Rio, para perceber que é o contrário. Alvim, Damares, Salles, Araújo, Weintraub e outros tantos – incluindo Moro e Guedes, de modo um pouco diverso, claro – não são acidentes. O que eles dizem aqui e ali pode exceder até os padrões de delinquência intelectual e moral do bolsonarismo – talvez seja o caso desse discurso do secretário da cultura –, mas é uma variação de intensidade, não de essência."
Cíntia Moscovich - escritora e jornalista gaúcha
"A saída de Alvim é um alívio. Mas um alívio temporário e paliativo, infelizmente. Me parece que o governo Bolsonaro é movido por esse ideário de assepsia, de luta contra o que considera degeneração. A arte como manifestação livre da criatividade é suja e impura: só através das diretrizes do governo se conhecerá a beleza e a verdade."
Dias Toffoli - presidente do Supremo Tribunal Federal (em nota oficial)
"Há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à Comunidade Judaica."
Rodrigo Maia - deputado federal pelo DEM e presidente da Câmara
Marina Silva - candidata à presidência na disputa eleitoral de 2018
Ciro Gomes - candidato à presidência na disputa eleitoral de 2018
Guilherme Boulos - candidato à presidência na disputa eleitoral de 2018
Luciano Huck - Apresentador de TV
Orlando Silva - deputado federal pelo PCdoB e ex-ministro do Esporte
Marcelo Freixo - deputado federal do Rio de Janeiro
Zélia Ducan - cantora
Mika Lins - atriz e diretora teatral
Pablo Villaça - escritor e crítico de cinema
José de Abreu - ator
Petra Costa - diretora de cinema indicada ao Oscar por Democracia em Vertigem
Gregório Duvivier - ator e escritor
Danilo Gentili - humorista e escritor
Marcelo D2 - cantor
Emicida - rapper
Luiz Antonio Simas - escritor e vencedor do Prêmio Jabuti/2016