O advogado norte-americano Mike Godwin ficou famoso por criar, em 1990, a "Lei de Godwin". A regra, uma forma de criticar a banalização das analogias nazistas hoje, dita o seguinte: "conforme uma discussão online se prolonga, a probabilidade de uma comparação envolvendo nazistas ou Hitler se aproxima de um".
Incitado por um usuário do Twitter, o advogado comentou o vídeo em que o ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, parafraseia o ministro de Cultura nazista, Joseph Goebbels —as semelhanças entre os discursos levaram à demissão de Alvim na manhã desta sexta (17).
"O que é parecido com Goebbels aqui é a oposição binária entre 'será X ou não será nada'. Essa é uma tática retórica comum na retórica fascista. Mas não sei se Alvim retirou isso diretamente de Goebbels. Estou mais perturbado com o uso da música de Wagner", tuitou.
Godwin faz referência à presença de um extrato da ópera Lohengrin, de Wagner, no vídeo. O compositor alemão era o favorito de Hitler.
O internauta Lucas Lago, que tinha começado o debate, rebateu dizendo que "há um parágrafo que é essencialmente plagiado de um discurso de Goebbels. Terminando com o 'ou não será nada' enquanto falava sobre a 'nova arte brasileira'".
O advogado, então, respondeu: "Sim, mas a parte do meio do comentário de Alvim é exatamente o oposto do que Goebbels diz."
Além dos pontos de encontro entre os discursos, outros internautas também apontaram a semelhança entre o cenário em que Goebbels decidiu fazer o pronunciamento e aquele usado por Alvim, em que há uma cruz e um quadro com o rosto do presidente.
Godwin conversou com o jornal Folha de S.Paulo há dois anos. Então, explicou que a ideia por trás da lei que leva o seu nome não era proibir argumentos que relacionam fatos ao nazismo, mas instar as pessoas a considerar a gravidade do que foram o nazismo e o Holocausto e não fazer esse tipo de paralelo levianamente.
Na época das últimas eleições presidenciais, ele também afirmou que tudo bem chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de nazista.