
O jornalista Sérgio Camargo, que havia sido nomeado para a presidência da Fundação Cultural Palmares, teve sua indicação suspensa pelo presidente Jair Bolsonaro após decisão de um juiz federal do Ceará. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União, desta quarta-feira (11). As informações são do portal de notícias G1.
Com um histórico de manifestações polêmicas em relação ao movimento negro e que relativizam o racismo no país, Camargo chegou a afirmar, em agosto deste ano, que "a escravidão foi terrível, mas benéfica para os descendentes. Negros do Brasil vivem melhor que os negros da África". Ele disse ainda que o feriado do Dia da Consciência Negra "precisa ser abolido nacionalmente por decreto presidencial". Frases como essa serviram de estopim para diversos ativistas e coletivos negros se manifestarem contrários à nomeação de Camargo, que ocorreu no fim de novembro.
Quando anunciado para o cargo, a Secretaria Especial da Cultura disse que a escolha pelo jornalista visava "garantir maior integração e eficiência à pasta". Foi dito ainda que Camargo "trabalha pela libertação da mentalidade que escraviza ideologicamente os negros, gerando dependência de cotas e do assistencialismo estatal".
Conforme o G1, em 3 de novembro o jornalista postou em uma rede social que "sente vergonha e asco da negrada militante. Às vezes, pena. Se acham revolucionários, mas não passam de escravos da esquerda". No dia seguinte a esta publicação, o juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará, determinou a suspensão da nomeação de Camargo, em uma ação movida por um advogado.
Em sua manifestação, o jurista disse que há "diversas publicações" feitas por Camargo que "ofendem justamente o público que deve ser protegido pela Fundação Palmares". A entidade preza pela promoção da cultura afro-brasileira.
Também no Diário Oficial da União, o governo tornou sem efeito a nomeação da arquiteta Luciana Rocha Feres para o comando do Iphan, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Na quarta (11), Feres havia sido indicada para substituir Kátia Bogéa, exonerada do cargo de secretária do Audiovisual do governo Bolsonaro.
Descrita em seu currículo como arquiteta e urbanista, professora e consultora na área de patrimônio cultural, Feres faz doutorado em ambiente construído e patrimônio sustentável na Universidade Federal de Minas Gerais.