Uma exposição de arte inspirada em Michael Jackson foi inaugurada nesta terça-feira (20), em Helsinque, capital da Finlândia, com os organizadores fazendo questão de esclarecer que não se trata de uma celebração ao polêmico cantor, ainda envolvido em acusações de abuso uma década depois de sua morte.
Michael Jackson: On The Wall reúne obras antigas e novas que retratam a icônica estrela pop e seu impacto na cultura popular, por artistas como Andy Warhol, o fotógrafo americano David LaChapelle e o oleiro britânico Grayson Perry.
A mostra, que conta com 90 trabalhos, foi exibida pela primeira vez na National Portrait Gallery, em Londres, em 2018, com ampla aclamação da crítica. Depois, chegou a Paris e Bonn, seguindo para Helsinque.
As exibições alemã e finlandesa ocorrem depois de uma série de acusações de que Michael abusou sexualmente de crianças, revividas e detalhadas no documentário de 2018 Deixando Neverland.
Embora a exposição na capital finlandesa tenha sido mantida como planejado, os organizadores fizeram questão de colocar um texto na entrada, reconhecendo que "as notícias atuais podem ter mudado a forma como a exibição é interpretada".
— Não podemos fugir desses assuntos difíceis mas, é claro, condenamos qualquer tipo de abuso — disse à AFP a curadora-chefe do Museu de Arte Moderna de Espoo, Arja Miller.
— Também queremos fornecer uma plataforma para discussão aberta e para vozes dos artistas. Essa exposição e esses artistas não estão celebrando Michael Jackson, mas analisando seu significado em nossa cultura — completou a curadora.
Patrocinadores espantados
Arja Miller disse que, mesmo sem terem visto a exposição, algumas organizações se recusaram a investir em patrocínio, preocupados com as controvérsias em torno do cantor.
— Estou convencida de que, se todos tivessem visto a exposição, teriam prazer em serem nossos parceiros, porque é muito diversificada — alegou.
Muitos dos trabalhos inspirados em Michael Jackson circulam entre o berrante e o grotesco, incluindo uma enorme estátua do megastar com seu chimpanzé de estimação, Bubbles, feita por Paul McCarthy.
Em outro canto, um retrato em tamanho real de Kehinde Wiley, encomendado pelo próprio Jackson pouco antes de sua morte em 2009, apresenta a estrela em uma armadura de joias em um cavalo cercada por querubins, depois de um retrato por Rubens do rei Filipe II da Espanha.
A instalação do artista romeno Dan Mihaltianu se baseia no impacto do show do cantor em uma Bucareste pós-comunista, em 1992, usando fotos de jornais ao lado de cenas de show.
Mihaltianu disse que o interesse em sua peça, a partir de 1994, sempre cresceu todas as vezes que Michael Jackson chegou às manchetes ao longo dos anos.
— Ele vai ser lembrado como um ícone de alguma forma. Você não pode simplesmente apagá-lo — afirmou Mihaltianu à AFP.