O Porto Alegre em Cena é um dos 13 projetos culturais que não tiveram seu contrato de patrocínio renovado com a Petrobras. A informação foi obtida pela rede CBN em documento enviado aos deputados federais Áurea Carolina e Ivan Valente, do PSOL, e divulgada nesta segunda-feira (15). Trata-se de resposta a solicitação de informação dos parlamentares.
Coordenador-geral do Em Cena, Fernando Zugno projeta para este ano, em setembro, uma edição com orçamento de cerca de R$ 2 milhões, assim como foi em 2018 – ano em que tampouco contou com a Petrobras. Grandes patrocinadores confirmaram a continuidade para 2019, segundo Zugno, e outros serão prospectados por meio da Lei Rouanet e da Lei de Incentivo à cultura estadual. Em 2017, a Petrobras aportou R$ 510 mil no evento, conforme o coordenador-geral do Em Cena, para quem a verba equivale à inclusão de uma companhia internacional, como a Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, ou de 10 espetáculos nacionais na programação.
— O grande baque foi no ano passado, mas ainda tínhamos a esperança de que o patrocínio fosse voltar — diz Zugno. — Trabalhamos com várias parcerias para realizar o festival em 2018 e conseguimos fazer uma belíssima edição, como sabemos fazer e vamos fazer de qualquer jeito. Mas (sem a Petrobras) é sempre menor, com menos espetáculos estrangeiros, que viram referência na memória das pessoas.
Apoios reduzidos na última década
O Em Cena é o único projeto gaúcho citado no documento a que Zero Hora teve acesso. Tampouco foram renovados os seguintes contratos: Sessão Vitrine, CineArte, Clube do Choro de Brasília, Casa do Choro do Rio, Prêmio da Música Brasileira, Festival de Curitiba, Festival do Rio, Mostra de Cinema de São Paulo, AnimaMundi, Festival de Cinema de Brasília, Festival de Cinema de Vitória e Teatro Poeira, no Rio. A estatal, como informa sua assessoria, considera que o Em Cena e o Festival de Curitiba estiveram na leva de 2018, e os outros 11 projetos, na de 2019.
A Petrobras está em processo de revisão de seus patrocínios, que terão maior foco em ciência, tecnologia e educação, principalmente infantil. Os contratos em andamento serão honrados, como é o caso da Cinemateca Capitólio Petrobras, em Porto Alegre, com apoio confirmado até 26 de novembro.
A verba cultural da Petrobras foi reduzida em todo o país de R$ 152,6 milhões em 2011 para R$ 39 milhões em 2018. No Rio Grande do Sul, o patrocínio à Feira do Livro de Porto Alegre caiu de R$ 390 mil em 2014 para R$ 100 mil em 2018. Alguns dos mais importantes eventos do calendário cultural do Estado já não contaram com apoio da estatal no ano passado, como a Bienal do Mercosul e o Festival de Cinema de Gramado.