SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Foi a poderosa união de letras sofridas e batidas dançantes que fez de Duda Beat uma das maiores revelações da música brasileira de 2018 para cá que o palco Adidas do Lollapalooza foi aberto no sábado (6), dia que costuma ser o mais disputado do festival.
Os primeiros segundos da primeira música do show, "Bédi Beat", já sintetizaram a energia musical de Duda. O início do relato de uma decepção de amor é somado ao sotaque pernambucano e a um som sintético típico do tecnobrega e do pop, que ainda ganhou uma dupla de metais ao vivo.
Os 40 seguintes foram de uma Duda 100% brasileira botando a massa de hipsters para curar a sofrência dançando tecnobrega.
No disco de estreia, "Sinto Muito" (2018), e ao vivo, quando o grupo formado por Lux Ferreira, Gabriel Bittencourt, Felipe Vellozo e Camila e Luiza D'Alexandre capricham ainda mais nas versões e ganham a companhia de dançarinos, misturam-se referências regionais como o brega, reggae, dub, pop e batidas de funk.
O repertório --uma surra de grave que não alivia a cintura nem da pessoa mais sem aptidão para a dança-- emendou músicas como "Derretendo", "Pro Mundo Ouvir", "Meu Jeito de Amar", feita em parceria com Omulu, e "Chapadinha na Praia", uma releitura de "High By the Beach", de Lana Del Rey. A última, divulgada apenas no YouTube às vésperas do Carnaval, foi uma das mais dançadas pelo público.
A surpresa foi a presença dos amigos Jaloo e Mateus Carrillo, que subiram ao palco para cantar a inédita parceria dos três --outro hit em potencial.
Mas o grande ouro de Duda ficou para o final. As versões original e remixada de "Bixinho", a música que alçou Duda ao mais próximo de mainstream que um artista alternativo pode chegar, foram cantadas em coro e dançadas até o chão, no melhor momento do show, e certamente um dos melhores do lineup nacional do festival.
Muito aplaudidos, Duda, banda e dançarinos saíram do palco e deixaram para trás as mensagens "1964 foi golpe sim" e "Liberdade para Rennan da Penha".
Um dos criadores do Baile da Gaiola, que leva milhares de fãs a uma favela da zona norte carioca, o DJ Rennan da Penha recebeu ordem de prisão da Justiça do Rio de Janeiro, em março. Ele é acusado de ser olheiro do tráfico e de fazer festas que exaltam o crime, mas foi inocentado pela primeira instância há três anos. Concluíram à época que as provas eram insuficientes. Agora, no entanto, uma nova testemunha incrementou a denúncia da Promotoria.