SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aos 19 anos e dona de uma voz forte, Giulia Be ainda engatinha na carreira de cantora. Mas de forma rápida. Apesar do repertório pequeno e da primeira turnê no forno, a jovem já tem feitos grandes, que invejariam qualquer veterano, como cantar com Maroon 5 e ver sua música em uma novela da Globo.
"Sempre quis ter uma música em novela, era uma meta que almejava, mas não achei que seria logo na primeira. Como boa noveleira fiquei chocada e muito feliz", conta Giulia ao mencionar a música "Too Bad", tema da personagem Laura (Yanna Lavigne) em "O Sétimo Guardião".
A carioca chegou a entrar na faculdade de direito após o colégio, queria se especializar na área internacional e trabalhar na ONU. Mas esses planos acabaram no Rock in Rio de 2017, quando Giulia foi com uma amiga ao camarim da banda Marron 5. O que era a chance para uma foto, virou uma sugestão de nova carreira.
Giulia descreve aquele como um "dos momentos que a gente não esquece nunca mais". Foi só ela comentar que cantava, para o guitarrista James Valentine, 40, puxar um trecho de "She Will Be Loved" (2004). Daí veio o elogio, a sugestão para seguir carreira e a postagem do vídeo na internet.
"Deu tudo muito certo já no primeiro vídeo. Veio empresário, gravadora... Só pra você ter noção, o Rock in Rio foi em setembro [de 2017] e em novembro já estava tudo alinhado", festeja ela, que deixou a casa dos pais, no Rio de Janeiro, em setembro de 2018, para se dedicar à carreira na capital paulista.
Apesar da distância da família --ela trouxe apenas o cachorro para morar com ela-- e a base de miojo e pipoca, Giulia garante já estar adaptada e amando São Paulo, assim como garante não pensar mais na faculdade de direito, agora trancada. "Descobri que [cantar] é o que quero fazer, mesmo que seja no boteco esquina."
Para consolidar sua carreira após um início de surpresas, ela lança nesta sexta-feira (26) seu segundo clipe, agora de uma música em português, "Chega". Segundo a própria Giulia, a canção é irmã de "Too Bad", com o mesmo pop misturado à batida eletrônica, apesar de falar de um momento anterior de sua vida.
"Chega" é também uma oportunidade para a artista fazer um lançamento com mais calma, após o atropelo de "Too Bad" (2018) com a escolha para compor a trilha sonora de "O Sétimo Guardião". Além disso, será sua apresentação ao público de uma canção mais dançante, inclusive com coreografia e bailarinos.
A turnê, no entanto, continua em preparação. Enquanto isso, Giulia tenta ganhar experiência de palco com shows esporádicos, apresentando composições suas --inclusive inéditas-- e de outros artistas, dos mais variados estilos, chegando a cantar desde MC Bruninho até Ariana Grande.
Para o futuro, a artista promete novidades e avisa: "sou uma caixinha de surpresa". O seu pop deve continuar com influências eletrônicas e um pouco de outros ritmos, como o latino reggaeton. Já no idioma, Giulia afirma que os fãs podem esperar mais canções em inglês, em português e até em espanhol.
"Nesse começo tento controlar a pessoa ansiosa que mora dentro de mim e digo 'calma, curte o momento'. Sempre imaginei esse processo e está legal viver isso. Estou curtindo essa construção, aprendendo a gostar do processo", afirma.
'TOTALMENTE MINHAS'
A música demorou para ser vista como uma opção de carreira, mas já estava na vida de Giulia desde pequena. Com apenas seis anos, ela começou a tocar piano e, aos oito, já estava escrevendo. "Brinco que meus pais economizaram dinheiro com psicólogo porque eu usava a música, colocava toda frustração nela."
"Chega" e "Too Bad" são exemplos de como ela usa a voz como terapia. Segundo a cantora, as duas mostram fases diferentes do rompimento de um namoro. "Chega", embora lançada depois, foi feita quando ela ainda enfrentava a fossa do término e "Too Bad" mostra um momento depois, com ela já mais recuperada.
"São todas totalmente minhas, escritas por mim, de coisas que passei, de ex-namorados que tive. Acho que tem que sofrer pra trabalhar", conta ela, que também tem usado experiências de amigas e pessoas próximas para compor atualmente.
O processo de Giulia começa apenas com voz e piano, apesar de hoje ela também tocar violão e até arriscar um pouco no triângulo. A partir daí vem o trabalho de produção, com a inclusão de algumas referências eletrônicas, de uma pegada mais gringa, como ela mesma descreve.
Para a artista, o resultado se assemelha ao de Dua Lipa, cantora que ela também aponta como uma inspiração. "A construção da carreira dela foi incrível, em menos de cinco anos ela conquistou dois Grammys. Mas também gosto muito de Alok. Já pra escrever, escuto Caetano [Veloso], Marisa Monte, Rita Lee. Gosto muito de rock, MPB."
ROCK IN RIO DE NOVO
Tão surpreendente quanto ter sua primeira música escolhida para trilha sonora de uma novela das 21h da Globo, Giulia Be já se prepara para se apresentar no Rock in Rio antes mesmo de fazer uma turnê. Ela está confirmada como uma das atrações do festival deste ano ao lado do cantor americano Kane Brown, 25.
"Era uma coisa na minha lista pro universo --eu escrevo coisas que almejo e jogo pro universo-- mas isso era um plano para 2020 e tantos, não esperava para agora, mas fiquei contente demais", diz Giulia, que se apresentará no dia 5 de outubro.
A cantora conta que conhecia apenas uma música de Kane, sem saber que era ele, quando recebeu o convite. Mas diz que está empolgada em cantar com ele, que embora seja visto como um fenômeno do mundo country, tem um ritmo bem misturado, com ela, usando pop e até um pouco de hip hop.
O momento fica mais especial por ter sido no Rock in Rio de 2017 que Giulia começou a pensar na música como uma carreira a seguir. Ela volta dois anos depois como uma das atrações. A expectativa é que cante quatro músicas sozinha e uma com Kane Brown.