O que antes podia ser analisado como tendência agora é uma realidade incontornável: Porto Alegre voltou a comemorar seu Carnaval na rua. Em meio a polêmicas e disputas entre associações de moradores, prefeitura e organizações carnavalescas, a festa de 2019 começa oficialmente neste fim de semana com previsão de meio milhão de pessoas pulando ao som de um número recorde de blocos, deixando claro que o que Porto Alegre quer, como dizia Sérgio Sampaio, é colocar o seu bloco na rua.
As festas populares de rua remontam aos primeiros registros de comemoração do Carnaval em Porto Alegre, ainda em fins do século 19, com grupos organizados de músicos, artistas e mesmo escravos, em locais como a Cidade Baixa, o 4º Distrito e o Menino Deus, mas a saída dos blocos arrefeceu após a década de 1970, com a ascensão do chamado carnaval-espetáculo. É claro que houve manifestações como a Banda DK, a Rua do Perdão e, já na década de 1990, o Maria do Bairro, mas foi a partir de 2013, a reboque do clima de ocupação de espaços públicos e manifestações populares ao ar livre, que o formato dos blocos de rua voltou com força à Capital – e aos locais onde nasceu.
Se naquele ano as saídas atraíram 80 mil foliões, a organização deste ano prevê um público de mais de 500 mil pessoas acompanhando os 26 blocos selecionados pelo edital da prefeitura (além dos grupos que participarão do chamado "Carnaval Comunitário", em bairros distantes do Centro), que sairão nos finais de semana entre este domingo e 24 de março – o número pode chegar a 1,5 milhão de porto-alegrenses na folia, se somado o público previsto para a passagem dos blocos independentes, que começou em janeiro e ainda tem datas entre 30 de março e 14 de abril.
– Porto Alegre vem afastando o Carnaval de seu Centro, e a cidade sente isso. Desde a mudança dos desfiles para o Porto Seco, em 2004, a região central não tinha festa durante o Carnaval, e os blocos são responsáveis por trazer isso de volta – avalia Joaquim Lucena Neto, compositor, figura histórica do Carnaval gaúcho e ex-coordenador de manifestações populares de Porto Alegre.
Na Cidade Baixa, evento foi ponto de discussão
Como vem sendo recorrente nos últimos anos, o evento foi alvo de muita discussão e polêmica até o último instante: em dezembro, a Justiça proibiu a realização dos desfiles na Cidade Baixa, decisão que foi revertida após reunião de conciliação entre moradores do bairro, blocos e Ministério Público.
A programação
Neste domingo (17/02), a partir das 15h, têm início os desfiles de blocos da Avenida Dr. Alberto Viana Rosa, no bairro Protásio Alves. Participam: Bloco da Figueira, Família Uni Samba, Mauro Sorriso e Vem Com A Gente.
Dia 23, sábado, começa a programação oficial na Orla do Guaíba. Datas, horários e locais de cada bloco devem ser divulgados na segunda-feira, dia 18, após a última etapa de recursos
do edital. Estão previstos: Rua do Perdão, Banda DK, As Virgens do Bolinha, Areal da Baronesa do Futuro, Maria do Bairro, Galo de Porto, Deixa Falar, Olha o Passarinho do Mário, Bloco do Isopor, Império da Lã, Filhos do Cumpadi Whashington, Ziriguidum, Gonhas da Folia, Panteras do Samba, Puxa que é Peruca, Cia do Trago, Tem Tudo para Dar Errado, Os Dinobicos, Afrô Tchê, Bloco do OP, B Loukos, Do Guerreiro, Da Malvina, As Cores da Cidade, Bloco da Bartira e Ai que Saudades do Meu Ex.