Ao cantar que "na Turma da Mônica do asfalto, o Cascão é rei do morro e a chapa esquenta fácil", Criolo já havia dado ares menos infantis e abrasileirados aos personagens de Maurício de Sousa. Apesar de Linha de Frente não ter servido de inspiração, o ilustrador Gabriel Jardim conseguiu dar contornos ao que a música já havia sugerido: que Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali fossem para as favelas e virassem a Turma do Morro.
Nos desenhos de Jardim, o samba de Criolo cede espaço a um gênero ainda mais popular entre os jovens, o funk. É assim que o Sansão de Mônica vira uma mochilinha e a líder da turma ganha um shortinho como os da cantora Anitta. Com corrente e boné de aba reta, Cebolinha vira um DJ com a aparência semelhante a de DJ Kalfani, filho de KL Jay, dos Racionais MC’s. Magali tem longos cabelos negros como MC Pocahontas e a fome fica marcada em uma tatuagem de sorvete no braço. Já Cascão vira o rei do morro como MC Guimê, chamado de rei da ostentação.
Formado em Comunicação e Mídias Digitais na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Gabriel Jardim criou coragem para reinventar os personagens de gibi mais populares do Brasil quando viu o trabalho de Gabriel Picolo, que criou uma versão moderna e brasileira dos Jovens Titãs, da DC Comics, e também o Rap em Quadrinhos, do youtuber LØAD e do ilustrador Wagner Loud, que deram contornos de super-heróis a rappers brasileiros.
— Pensando no trabalho deles, decidi criar a minha versão usando a turma do Limoeiro — disse o ilustrador de 24 anos ao G1.
Lançados nas redes sociais no dia 1 de novembro, os desenhos tiveram grande repercussão. No Twitter, a publicação recebeu 78 mil curtidas. Dono do maior canal do YouTube, o produtor Kondzilla, nome por trás de vários sucessos do funk, compartilhou o trabalho de Jardim em sua conta no Instagram.