Louvre, MoMa, Guggenheim, Prado. Veja como os principais museus de cidades da Europa e dos Estados Unidos são administrados. O incêndio no Museu Nacional, em 2 de setembro, coloca em xeque a gestão desses esquipamentos culturais no RS e no país.
PARIS
Maior museu de arte do mundo mundo, o Louvre teve 41% da receita, em 2017, proveniente do governo. O restante vem de bilheteria (38%), doações e patrocínios (8%) e aluguéis de espaços (7%). A licença de marca para o Louvre Abu Dhabi rendeu € 76 milhões no ano passado. Trata-se de um acordo firmado entre o governo francês e a cidade de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, durante 30 anos.
Desenhado pelo arquiteto francês Jean Nouvel, a versão árabe tem 24 mil metros quadrados e exibe obras de arte de todo o mundo, buscando elos entre arte ocidental e oriental. O Louvre de Paris recebe anualmente mais de 8 milhões de visitantes. Também na capital francesa, o Museu d´Orsay conta com um grupo de empresas que fazem doações anuais ou investem em projetos específicos. Os patrocinadores recebem, sobre o montante investido, desconto de 60% no imposto devido, até o limite de 0,5% do volume de negócios.
LONDRES
Em 1993, foi decidido que parte dos recursos das loterias do Reino Unido seria destinada aos museus e instituições de História. Apesar da significativa verba pública, os museus públicos britânicos buscam diversificar as fontes de financiamento com apoio da iniciativa privada. A Tate Modern, em Londres, tem cerca de 70% da receita anual proveniente de patrocínio de empresas. Uma das estratégias da instituição para levantar recursos é oferecer pacotes de patrocínio em troca de benefícios para funcionários, familiares e clientes dos investidores. A National Gallery é outro museu britânico que recebe forte apoio da iniciativa privada. Desde 2008, instituição é parceira do banco Credit Suisse para fomento às atividades e programas educacionais. A seguradora Hiscox e a Hewlett Packard, empresa de TI, também apoiam financeiramente atividades do museu.
MADRI
Principal instituição da Espanha, o Museu do Prado também recebe apoio privado. A instituição criou um programa de patrocínio para empresas dispostas a investir € 2,5 milhões em quatro anos (benfeitores), € 300 mil por projeto ao ano (protetores) ou € 60 mil ao ano (colaboradores). Para cada categoria, o museu oferece várias contrapartidas, que vão desde a cessão de espaços para eventos à utilização de logotipos do patrocinador em materiais de divulgação. O Prado conta ainda com o programa Amigos do Museu, que permite a doadores investir entre € 50 e € 85 por ano (25% dos quais dedutíveis do Imposto de Renda) em troca de acesso gratuito ao museu e desconto de 50% nos ingressos de outros museus vinculados ao Ministério da Cultura espanhol.
WASHINGTON
Os EUA têm 35 mil museus, segundo o Institute of Museum and Library Services (no Brasil, há 3.737). Lá, existe tradição de o financiamento e a gestão ficarem sob o comando de fundações, sociedades e coletivos que contam com grande apoio da iniciativa privada. Museus privados sem fins lucrativos são maioria. Famosa instituição de Washington, o Smithsonian Institute administra o Museu de História Americana, a National Gallery e o Air and Space Museum, além de outros prédios históricos da cidade. Mais de 60% da receita vem do governo federal. Para o orçamento de 2019, a instituição pediu US$ 957 milhões para manutenção e expansão.
A maioria funciona como entidade sem fins lucrativos, mas muitos são administrados pelo governo federal, por governos estaduais ou locais, ou fazem parte de universidades. Uma pesquisa da Aliança Americana de Museus indicou que 19% da receita dos museus vem de investimento governamental.
NOVA YORK
O Guggenheim, o Metropolitan Museum of Art e o Museu de Arte Moderna (MoMA) têm a maior parte de seus recursos oriunda de doações de filantropos, patrocínio, ingressos, licenciamento da marca e aluguel de suas instalações para eventos. O Metropolitan tem como patrocinadoras empresas como Bloomberg, Citibank, Morgan Stanley, Sotheby’s e Versace. A instituição também tem um programa de doadores que aportam, anualmente, entre US$ 80 e US$ 25 mil e recebem contrapartidas proporcionais à contribuição.
SÃO PAULO
O Museu de Arte de São Paulo (Masp) tem nas doações e nos patrocínios de empresas metade de sua receita – verbas próprias, como as de bilheterias e da loja, respondem por cerca de um quarto. Desde 2004, várias instituições culturais paulistas transformaram-se em Organizações Sociais (OSs), entre estas a Pinacoteca do Estado, o Museu Afro Brasil e o Museu do Futebol. Com isso, o poder público dá a gestão a uma entidade de terceiro setor sem fins lucrativos (associação ou fundação), em troca de exigências estabelecidas em metas, além da transparência administrativa. A OS conta com verba pública, mas pode buscar receitas alternativas.