Em uma trégua da chuva prevista para o fim de semana em Porto Alegre, o guitarrista Tom Morello levou milhares de pessoas ao Anfiteatro Pôr do Sol na noite deste sábado (15). Atração principal do Samsung Best Blues, o guitarrista – que ficou conhecido pela atuação em bandas como Rage Against the Machine e Audioslave – comandou o público durante a última hora do evento gratuito.
Foram 13 canções, incluindo um música inédita do álbum que lançará em outubro, e foi executada pela primeira vez na capital gaúcha: Vigi Lante Nocturno. Do punk ao blues, o disposto norte-americano prendeu a atenção dos milhares que compareceram ao anfiteatro, entre fãs de rock e curiosos que descobriram a apresentação via redes sociais ou por indicação de amigos.
— Vi no Instagram e decidi vir de última hora — contou Everson Kras Borges, que conheceu Morello através de vídeos no YouTube.
Era impossível ficar indiferente à apresentação de Morello, marcada por solos de guitarra — e técnicas menos ortodoxas, como sonoridades utilizando o cabo ou mesmo um lápis para tocar o instrumento — e por uma postura sempre simpática do músico, que, por diversas vezes, agradeceu pela (curta) temporada no Brasil, país onde esteve como guitarrista de outras bandas, mas pela primeira vez com seu trabalho solo.
Acompanhado dos músicos da The Freedom Fighters Orchestra — todos vestindo, como uma espécie de uniforme, uma camisa com a bandeira dos Estados Unidos —, Morello subiu ao palco às 21h10min, depois dos shows de Camarones Orquestra Guitarrística, da guitarrista paulistana Isa Nielsen e John 5, conhecido por integrar a banda de Marilyn Manson entre 1998 e 2004. Fã de John 5 e de Morello, o freelancer Kassiano Barcellos, 23 anos, pedalou 40 minutos de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, até a Capital para acompanhar a apresentação dois dois ídolos.
— O John 5 é insano. E o Morello é para destruir o sistema — brincou.
Famoso pelo seu ativismo político, o guitarrista não decepcionou quem esperava um posicionamento a respeito de questões locais. Atrás de uma das duas guitarras que revezou na apresentação — onde, na frente, lia-se Arm the homless (arme os sem-teto, em tradução literal) —, tocada de costas para o público em uma das canções, amplificou um anseio de milhares de brasileiros: justiça para Marielle, dizia uma mensagem colada no instrumento, em alusão ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.
Intercalando músicas de seu projeto solo, The Nightwatchman, com canções das bandas pelas quais teve passagem, o guitarrista conseguiu total adesão do público, que aplaudiu com entusiasmo os solos de guitarra, além de parecer disposto a obedecer qualquer comando do músico — na metade do show, Morello pediu que todo o público se agachasse até que ele mandasse pular e foi prontamente atendido.
Encerrou a apresentação com um hit do Rage Against The Machine: Killing in the Name, que incendiou a plateia, precedida de uma promessa de retorno ao Brasil, "com essa ou outras formações".
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