Um dos maiores guitarristas do mundo, dono de um estilo que combina uso intenso de pedais de efeito, sonoridades que remetem ao hip-hop e pegada punk, Tom Morello estará em Porto Alegre no próximo sábado (15). O músico, que também tem importante atuação como ativista político e social, toca de graça no Anfiteatro Pôr do Sol como parte da programação do Samsung Best of Blues – festival que reunirá no palco à frente do Guaíba nomes importantes da guitarra como John 5, Isa Nielsen e Camarones Orquestra Guitarrística.
Com uma carreira de extremo sucesso em bandas como Rage Against the Machine e Audioslave, Morello lançou no ano passado o primeiro disco do projeto Prophets of Rage, que une Tim Commerford e Brad Wilk, membros do Rage Against, B-Real, do grupo de rap Cypress Hill, e a dupla Chuck D e DJ Lord, da histórica banda Public Enemy. Em Porto Alegre, Morello assume o papel de frontman: com uma banda de apoio, deve tocar composições suas feitas de forma acústica, além de passar a limpo parte de sua carreira.
– Quero acabar com as barreiras econômicas que impedem, muitas vezes, as pessoas de acompanhar meus shows – diz o guitarrista, em entrevista em que fala sobre o momento político do Brasil e dos Estados Unidos, música e meio ambiente.
Os shows do Samsung Best of Blues estão previstos para começar às 18h.
Entrevista
Você está acostumado a tocar com bandas como Rage Against the Machine, Audioslave e Prophets of Rage. O que podemos esperar de seu show solo em Porto Alegre?
Sempre amei os fãs brasileiros, porque eles sempre respondem de maneira incrível à nossa presença, seja com o Rage Against the Machine ou com o Prophets of Rage. O show deste fim de semana vai ser uma grande oportunidade de tocar alguns riffs legais. Tenho uma banda de apoio, e vamos tocar diversas músicas que compus originalmente de forma acústica. Mas o show vai ser todo elétrico. A ideia é apresentar muita coisa que fiz ao longo da minha carreira.
Nos shows do Rage Against the Machine, eram famosos os casos em que vocês pediam para o pessoal invadir as áreas VIP. De onde veio a ideia de realizar uma apresentação gratuita?
Olha, de graça é sempre o melhor preço! Desde sempre tocamos em shows gratuitos para grandes públicos. É a mesma ideia com as áreas VIP: queremos acabar com as barreiras econômicas que impedem, muitas vezes, o pessoal de acompanhar shows. Sempre conseguimos isso. Será um presente aos nossos fãs do Brasil.
Você é muito ativo politicamente, desde a época do Rage Against the Machine, e até hoje demonstra isso através das suas redes sociais. Você tem acompanhado a situação política do Brasil, que vive o período pré-eleições?
Vi pouca coisa. Sei que o Lula, que é muito popular, está preso. Sei também que estão ocorrendo vários eventos tristes, como a morte da Marielle Franco. Existem diversas situações de justiça social que envolvem a política. O mais importante, para mim, é que chegou a hora de o povo tomar o poder de volta e tirar a extrema-direita de lá. Precisamos ser vigilantes quanto a isso. Sempre segui as informações políticas do Brasil e quero me informar melhor assim que chegar.
E nos Estados Unidos? Como o ambiente artístico convive com o governo de Donald Trump?
Vivemos tempos caóticos por aqui. No início, a gente esperava que esse governo não durasse nem mesmo um mês, e agora estamos envolvidos em situações bizarras. É uma época perigosa, em que as normas da sociedade estão sendo soterradas. Além de todos os problemas com Trump, algo que pouco tem se falado é a questão ambiental. Está ocorrendo uma devastação do meio ambiente, por conta das políticas dele, e isso terá um impacto terrível para as futuras gerações.
No Brasil, você tocou em São Paulo e no Rio de Janeiro. Será a primeira vez em Porto Alegre. Já ouviu falar da cidade?
Já ouvi falar, sim, mas não conheço nada daí. Quero muito conferir como é Porto Alegre.