Críticas e homenagens marcaram a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro. Sete escolas passaram pela Marquês de Sapucaí celebrando países, culturas e passando mensagens bem-humoradas sobre a reforma trabalhista e o corte de verbas na maior festa do país.
Império Serrano
De volta ao Grupo Especial, o Império Serrano levou a China para a Sapucaí. Além de mostrar a cultura do país, a escola aproveitou para homenagear Arlindo Cruz, que é identificado com a Império e se recupera de um AVC. Maria Rita e Regina Casé usaram camisetas com as frases "Força Arlindo" e "O show tem que continuar".
A escola abusou da criatividade, expressando sua admiração pela cultura milenar que se tornou uma nação líder no século XXI.
Os carros alegóricos representaram um pagode gigante, um dragão, um Buda e a Grande Muralha, enquanto as alas exibiam alegorias sobre a Rota da Seda ou a guarda imperial das antigas dinastias.
São Clemente
A segunda escola a passar pela avenida levou ao sambódromo uma homenagem aos 200 anos da Escola de Belas Artes (EBA) do Rio. Um dos destaques foram as fantasias pintadas à mão por alunos da EBA.
Vila Isabel
A escola levou brilhos e luzes à Sapucaí com o enredo "Corra, que o futuro vem aí", que contou a história das grandes invenções da humanidade. Sabrina Sato, vestida de "luz da inspiração", e Martinho da Vila foram destaques dos desfiles.
Paraíso do Tuiuti
Em tom de crítica, a escola levou para a Sapucaí críticas à reforma trabalhista. O destaque foi o último carro, que trouxe um "presidente vampiro" à Marquês de Sapucaí.
O protesto "é um caminho que as escolas retomam, porque têm um papel social: reivindicar a voz das pessoas mais pobres", disse o professor de história Leo Morais, 39, que interpretou o vampiro.
Várias alas foram dedicadas a lembrar dos 130 anos do fim da exploração humana no país, como o alto nível de desigualdade social, a exploração do trabalho rural e em oficinas industriais, e o trabalho informal. Também denunciaram a recente reforma trabalhista, que flexibilizou as normas de contratação e demissão.
Grande Rio
Alô, alô Terezinha! Com um enredo sobre Chacrinha, a escola levou famoss para a avenida. Nomes como Rita Cadillac, Wanderléa e Gretchen marcaram o desfile. De volta à frente da bateria, Juliana Paes brilho na Sapucaí. Apesar do sucesso, a escola sofreu com um carro que quebrou antes de ingressar na avenida.
Mangueira
Penúltima a pisar na avenida, a Mangueira criticou o corte de verba da prefeitura do Rio às escolas de samba. O enredo "Com dinheiro ou sem dinheiro eu brinco" levou ao sambódromo uma reprodução dos blocos de rua e até um carro com uma representação do prefeito, Marcelo Crivella.
Crivella, ex-bispo evangélico, reduziu pela metade o subsídio municipal, alegando o impacto da crise financeira.
Após a polêmica, ele adotou um tom mais conciliador e reconheceu, na última sexta-feira (9), que a celebração, que atrai mais de um milhão de turistas para a cidade e gera mais de US$ 1 bilhão, poderia "devolver o otimismo" à população.
Mocidade Independente de Padre Miguel
Uma viagem pela Índia foi a proposta da última escola a pisar na avenida, já na manhã desta segunda-feira (12). Jacarés, elefantes e até Gandhi foram representados na Sapucaí.
A escola começou fazendo referência aos deuses e à religiosidade do povo da Índia. Depois tratou da primeira referência ao Brasil, logo no descobrimento: segundo a história oficial, as caravelas portuguesas procuravam um caminho para as Índias quando chegaram à nova terra - daí os habitantes terem sido chamados de índios.