A estreia de Mulher-Maravilha nos cinemas leva para as telas a maior super-heroína dos quadrinhos, interpretada pela atriz israelense Gal Gadot em um filme dirigido por Patty Jenkins (de Monster: Desejo Assassino). É a primeira produção adaptada dos quadrinhos a levar para as telas de cinema uma protagonista mulher desde os malfadados Mulher-Gato (2004) e Elektra (2005).
Confira cinco curiosidades sobre a heroína:
1. Personagem foi criada com base em líderes feministas e mulheres fortes
Criada pelo escritor (e psicólogo) Charles Moulton e pelo desenhista H. G. Peter, a Mulher-Maravilha teve como principais inspirações a estudante Olive "Dotsie" Byrne, que vivia com Moulton e sua esposa no que poderia ser considerada, hoje em dia, uma relação aberta (diz-se que os três mantinham uma relação poligâmica entre si). Dotsie teria apresentado o autor ao mundo das comunidades universitárias femininas, as chamadas "sororities", o que pode ter inspirado a história da personagem. A estudante era também filha de Margaret Sanger, famosa por abrir a primeira clínica de controle de natalidade dos Estados Unidos.
2. Mulher-Maravilha surge para ajudar os Estados Unidos a derrotar Hitler
A primeira aparição da Mulher-Maravilha nas páginas da DC Comics aconteceu em outubro de 1941, na oitava edição da revista All Star Comics. Na trama, intitulada Apresentando a Mulher-Maravilha, um militar norte-americano fica sem combustível e precisa pousar seu avião em uma ilha – que calha ser Themyscira, ou a Ilha Paraíso, um território insular povoado apenas por mulheres. A presença do homem ali causa certo mal-estar, até que as mulheres descobrem que ele estava a caminho de uma batalha com o supervilão Adolf Hitler e resolvem enviar uma das suas guerreiras para ajudá-lo, escolhida em um grande torneio aos moldes olímpicos – do qual a Mulher-Maravilha é proibida de participar, mas vence disfarçada. Ela é então designada a ajudar o militar em sua missão e ganha, enfim, seu famoso uniforme com cores norte-americanas. A história não se diferencia, em essência, de muitas outras estreladas por super-heróis do período, nas quais os populares gibis juntaram-se ao "esforço de guerra" fazendo Batman, Superman e Capitão América estrelarem histórias em que desbaratavam complôs de espiões nazistas.
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3. Em sua primeira capa, a super-heroína tem pouco protagonismo
Criada em uma época em que mulheres protagonistas eram raras e normalmente tinham suas histórias confundidas com as de homens, a personagem viu isso acontecer logo em sua primeira capa: na revista Sensation Comics #1, a Mulher-Maravilha é apresentada como "a sensacional nova personagem de tirinhas", mas a história que a recheia tem mais a ver com Steve Trevor, o soldado americano, do que com a heroína: na trama, ela suborna uma enfermeira chamada Diana Prince para usar sua identidade e ajuda o militar a vencer espiões inimigos (numa missão que é, primariamente, dele e do exército americano).
4. A personagem virou embaixadora dos direitos das mulheres da ONU (mas logo deixou de sê-la)
Em outubro de 2016, a ONU anunciou que a Mulher-Maravilha seria uma de suas embaixadoras pelo direito das mulheres. Dois meses depois, no entanto, a organização anunciou que desistira da ideia, principalmente por conta de uma petição online assinada por mais de 45 mil pessoas. "Embora os criadores da Mulher-Maravilha possam ter buscado representar uma 'guerreira' forte e independente com uma mensagem feminista, a realidade é que a representação atual da personagem é de uma mulher branca, de seios grandes, com proporções impossíveis", dizia o texto.
5. A Mulher-Maravilha é bissexual (e por que isso importa)
O escritor e roterista Greg Rucka, responsável por histórias da Mulher-Maravilha durante boa parte dos anos 2000 e que retornou ao posto para a série Rebirth, comemorando os 75 anos da personagem, deixou claro: a sexualidade não é discutida nesses termos em Themyscira, não há heterossexuais e homossexuais na ilha povoada apenas por mulheres, mas, sim, Diana "obviamente teve relações com outras mulheres". "Não sei como posso deixar isso mais claro", disse o autor em entrevista à Comicosity. Para ele, a principal consequência disso é que Diana não deixou a ilha por causa de um homem, mas, sim, por causa de seu heroísmo. Como alerta um texto do site Uproxx, a "saída de armário" da personagem pode parecer oportunista ou caça-níquel, mas dá visibilidade à causa e naturaliza conceitos. Além de tudo, condiz com muito da mentalidade da Grécia clássica usada como pano de fundo para a formação da personagem.