A trajetória artística de Ney Matogrosso amplifica a força da frase acima. Ex-vocalista do Secos & Molhados e uma das mais importantes figuras da música nacional nas últimas quatro décadas, o sul-mato-grossense trilhou um caminho que sempre exigiu enfrentamentos.
Foi porta-voz de uma geração que precisava gritar em tempos de ditadura militar, foi gay fora do armário em uma sociedade que só conhecia homossexuais de programas de humor. Deu voz às mais valiosas composições que o Brasil produziu, de Cartola a Criolo, em um país onde, conforme ele diz, "a cultura nunca foi considerada". Mais de 40 anos depois de começar sua carreira, o intérprete avalia que caímos em um "buraco sem fundo" sem precedentes:
– A mentalidade brasileira deu uma regredida. O país é intolerante, agressivo e acho que extremamente conservador.
Aos 75 anos, Ney se coloca à disposição para ser linha de frente nas lutas que considera mais candentes, principalmente nas questões de gênero, sexualidade, comportamento e liberdades individuais. Seu último álbum com canções inéditas, Atento aos Sinais, lançado em 2013, foi, desde o título, quase premonitório no que diz respeito às manifestações que tomaram conta do Brasil dias após seu lançamento. Há duas semanas, em show no festival Pepsi Twist Land, na praia de Atlântida, mostrou que mantém o físico nos trinques e a postura inabalada: danças malemolentes, visual andrógino, maquiagem e figurino extravagantes adornam uma das vozes mais prestigiadas do país. Antes da apresentação, ele falou por telefone sobre sexualidade, política, família, religião, comportamento, cultura e astrologia.
Aos 75 anos, você sente que falta algo para a sua carreira?
Sempre haverá o que não foi feito. Basta você focar e pode ter uma surpresa, também. Pode surgir um compositor maravilhoso pela frente.
Você sempre teve contato com compositores jovens. Gosta de alguém da geração mais nova?
Gosto muito da Laila Garin, para mim é a grande revelação não só do teatro, mas da música. É a pessoa que mais me chama a atenção.
E você vê a capacidade de interpretação e a teatralidade, características tão marcantes da sua carreira, em algum artista mais jovem?
Não, isso você vê em muito poucas pessoas. Nela, eu vejo. Em geral, tem atores que cantam, mas que são atores. Cantores, na acepção da palavra... Difícil. Mas ela, não, ela é uma excepcional atriz e uma excepcional cantora. Isso proporciona a entrega.
Em 2016, a música popular foi praticamente dominada por sertanejo e funk, algo que costuma gerar reações negativas por parte da crítica. É algo que lhe incomode?
Não me traz incômodo. Só acho que é uma monocultura. É pobre, porque não é variado. Não estou falando mal da música sertaneja, mas ela é pobre como manifestação, porque é a mesma, não é diversificada. Todos cantam de maneira parecida a mesma música, no mesmo formato. Isso me deixa querendo saber o que está acontecendo além disso.
A internet pode ser uma forma de resolver isso?
Não. Eu não sou muito de máquina, não.
Mas você tem Instagram. É você que atualiza?
Sou eu, mesmo. (Fui para o Instagram) porque eu não quero papo, não quero conversar, não quero debater nada, não quero bater boca. As pessoas são muito agressivas, e eu não estou a fim de nada disso. É um direito meu! O Instagram me proporciona isso: eu ponho lá a foto de que gosto, que quero, e com as poucas pessoas que tentam falar comigo sou monossilábico. Porque não é uma coisa para conversar, não é para isso que existe.
Não quer entrar neste meio de discussões...
No caldeirão da bruxa!
Sim. Mas você consegue ver algum valor político nesse tipo de discussão?
No grau de discussão que eu vejo, não acho que cause fruto nenhum. Pelo pouco que já vi, a discussão não leva a nada. Não é discussão política, é agressão política. E esta coisa de o Brasil estar rachado é um horror, as pessoas não respeitarem a opinião do outro. Elas não sabem o que é democracia.
Lutou-se muito pela democracia, e agora ela causa esse tipo de impressão.
Exato, ninguém pode mais falar.
Você fez parte de um momento cultural e social revolucionário. Como vê o momento atual?
A mentalidade deu uma regredida. O Brasil era um país abertamente tolerante a todas as tendências. Não é mais. É intolerante, agressivo e acho que extremamente conservador. O mundo se tornou mais conservador, mas nós estamos aqui, então é bom para nós que se mantivesse uma mentalidade mais aberta. Porque temos essa mentalidade mais aberta, mas ela não está sendo mais manifestada. Isso também é decorrência de igrejas evangélicas misturadas com politica, e isso não pode. O Brasil é um país laico pela Constituição, igreja e política não têm que se misturar.
O Rio, onde você mora, elegeu um pastor como prefeito, uma vitória que muitos atribuem à guinada conservadora no país. Quais podem ser as consequências sociais?
Não sei, porque não acredito que o prefeito do Rio possa mudar rumos. Tem coisas que não têm rumo. Tem coisas, como já diziam Chico Buarque e Milton Nascimento, que não têm governo nem nunca terão. Fico vendo o surgimento de uma criançada de nove, 10 anos que são outros seres, nem parece que são deste planeta. São totalmente adaptados a tudo o que existe no mundo, que as igrejas e os evangélicos e os conservadores acham errado. Essas crianças não acham nada. É normal.
Em seu discurso de despedida da presidência dos EUA, Barack Obama falou sobre isso, sobre a esperança de um futuro construído por uma geração mais inclusiva.
Acho que é a nossa única alternativa, porque as pessoas que estão no poder não têm uma visão de longo alcance. Elas querem o agora, o dinheiro no bolso. Mas se você se distancia um pouquinho e olha de longe, você vê que isso tudo é circunstancial. Isso tudo passará, é um movimento contínuo, não tem nada parado esperando nada, está tudo acontecendo, nada estacionado. O movimento é contínuo e perpétuo. (Pausa) Acredito nos movimentos astrológicos, astronômicos. A humanidade sempre foi ligada a isso, já era considerado nas sociedades mais antigas, não pode ser uma invenção nossa.
Qual é o seu signo?
Sou leão. Me interesso porque, quando fiquei sabendo, me entendi. Me explicava. Eu sou leão com ascendente em leão e Lua em escorpião. A Lua em escorpião explica minha manifestação artística, porque a Lua é a comunicação, e a minha comunicação artística é regida pela Lua em escorpião. Por isso essa minha sexualidade, essa coisa exacerbada, intensa.
Voltando aos assuntos políticos: temos visto uma reação muito forte ao gasto em cultura. A Lei Rouanet, por exemplo, se tornou assunto espinhoso. Como a cultura pode ser afetada por essa onda conservadora?
Na verdade, a cultura nunca foi considerada no nosso país. Tem dois suportes básicos para qualquer país, para qualquer povo: saúde e educação. Nós não temos nenhum dos dois, e nunca tivemos. Às vezes, fico achando que isso é proposital, porque governos são perversos. Provocam uma situação de dependência, de não resolução, de não deixar a pessoa caminhar por suas próprias pernas. Uma pessoa que tenha seu raciocínio desenvolvido chegará a conclusões, observará e concluirá pensamentos. Não é conveniente deixar o povo pensando, assim como não é conveniente deixar o povo bem alimentado. Os ricos serão bem alimentados, os pobres não serão.
Você diz que nunca teve ânsia por fazer sucesso internacional. Isso tem a ver com querer ficar no Brasil para expor essas ideias aqui?
Sim! Eu acho que, no Brasil, eu sou útil. Fora do Brasil, não. Fora do Brasil eu sou "exotique".
E ainda há ideias que precisam ser divulgadas?
Sim, muitas. Principalmente agora, com essa regressão, com essa volta... Agora, por outro lado, eu entendo o seguinte: o caminho evolutivo não é reto, é pendular. Está tudo certo, no final das contas. Aí é o tal do distanciamento: acho que está tudo bem, mesmo indo mal das pernas. A gente vai caminhar para frente, não tem outra saída. Nada é só uma coisa, ou só bom ou só ruim, tudo tem dois aspectos. Você dá dois passos para frente e um pra trás, é assim que caminha.
No que diz respeito à sexualidade, você acha que a nova geração é mais tranquila?
É mais tranquila. É o seguinte: uma pessoa bem resolvida com sua própria sexualidade não estará preocupada com a do outro. Não tem porquê. Quando a gente fica vendo essa gente contra gay, contra não sei o quê, não adianta... Vão ter que engolir! Isso existe, não é uma invenção de agora.
É um momento de evolução?
Ao mesmo tempo em que está evoluindo, aparece o outro lado que ataca, uma reação. Mas é normal. Agora, eu acho o seguinte: o que se foi conseguido em termos de direitos não se pode abrir mão. Isso exige atenção constante e uma exposição constante do seu pensamento sobre isso. Antigamente, eu achava que, quando chegasse aos 75 anos, não estaria conversando sobre isso, que não seria necessário. Achava que já estaria ultrapassado, e infelizmente não está. Então, estou à disposição para o debate.
Você conta que, antes do surgimento da aids, tinha-se a ideia de que havia sido encontrado o paraíso comportamental.
Sim. E que dali evoluiria. Quando o golpe militar aconteceu no Brasil, o Rio já estava na seguinte condição: tinha-se praia de nudismo, que não era oficializada, mas respeitada. As aeromoças de voos internacionais iam na Praia do Diabo, entre o Arpoador e o quartel, e trocavam de roupa, ficavam nuas na praia, faziam topless. E o Rio era o paraíso. Copacabana era vista pelo Brasil como a terra das pessoas que não prestavam, mas não é que não prestavam, eram pessoas livres. Era outro tipo de mentalidade que estava se formando no Brasil. Se, no momento do golpe, as aeromoças gringas já estavam ficando nuas na praia, hoje em dia, se viesse naquela batida, não sei onde estaríamos. Seríamos um exemplo para o planeta. De tolerância, de convivência, de tudo. E era, chegou a ser isso.
No discurso conservador, se a liberação sexual avançasse ainda mais, chegaríamos a um extremo perigoso. No seu discurso, esse extremo não é perigoso.
Isso é o medo do sexo. Com o sexo, meu filho, a igreja não pode. O sexo é particular, é uma coisa que a igreja pode condenar, mas não tem controle. Por isso que as igrejas querem ter o controle das pessoas. Você não precisa de igreja, pelo seu corpo você tem o contato com o divino. Se nós somos uma fagulha do divino, temos o divino dentro de nós. Sexo é o divino se expressando. Mas não é o divino católico, com dedo apontado, dizendo que você é pecador e que você deve. É um divino liberal. Olha que beleza isso!
Alguma vez isso foi confuso na sua cabeça?
Não, nunca. Nunca senti culpa de nada. Antes de eu me realizar sexualmente, de ter coragem, eu tinha muito medo, mas não era culpa. Eu tinha medo. Porque tinha medo de me transformar em uma coisa que eu não gostaria de ser. Tinha um exemplo em Mato Grosso, que era uma verdadeira Geni, o único na cidade. Quando passava, só faltavam cuspir no cara. Só conhecia isso, e eu temia isso. E ele tinha coragem de manifestar. Até que um dia eu tive coragem, realizei e pensei "é isso? E eu com medo disso?". Não tem mistério, é encontro de alma. Acho que no encontro sexual tem de haver alma, senão não é nada. Eu estou falando do tempo em que eu estava na chuva para me molhar e transava com o primeiro que encontrava. Só que, quando estava com aquela pessoa, eu amava aquela pessoa. No dia seguinte, não tinha compromisso com ela e podia nunca mais ver, mas no momento em que estávamos juntos eu amava.
Como era a sua relação com seu pai?
Isso (a questão sexual) não existia. Era um fantasma dele, não meu. Nossa relação foi muito conturbada desde criança, não só a partir da adolescência. Eu odiava ele, ele me odiava. Era um confronto constante. Ele era espírita, e uma vez saiu com esta pérola para mim, que era um adolescente (risos): "Da outra vez que nós viemos juntos, você me venceu, mas desta vez você não me vencerá".
E a sua saída foi ir para as Forças Armadas?
Foi, porque naquele contexto, com 17 anos, a Aeronáutica aceita você como voluntário. E na hora em que eu quebrei essa relação familiar, eu ganhei a parada, sim. Ganhei com o amor, porque depois a gente teve tempo de se encontrar, eu já fora de casa. Quando eu saí de casa, ele falou "nunca vou te dar um centavo, não vou te ajudar em nada", e eu respondia "pai, não quero nada, só quero viver minha vida, não precisa se preocupar com isso". Várias vezes depois, no transcorrer dos anos, ele me ofereceu, mas eu nunca aceitei. Esses vários encontros nos permitiram um encontro fora da família como dois seres humanos, e se restabeleceu um amor entre nós. Então eu ganhei a parada! Mas não estou me gabando, estou dizendo que o fato de o amor ter vencido a história mudou tudo. Quando ele ficou doente, eu era o filho que ele chamava para ficar com ele, fazer as coisas com ele, ir ao médico com ele. A gente se beijava, eu fui o único dos cinco filhos que ele beijou a vida inteira. Uma vez eu me despedi dele com um beijo e ele olhou muito assustado ao redor, porque era um homem beijando ele na rua, mas a partir dali sempre que nos encontrávamos ou nos despedíamos a gente se beijou.
Algum dia essa má relação foi explicada?
Olha, é uma suposição, não posso afirmar. Acho que ele observava algo de diferente em mim que ameaçava algo em que ele acreditava. Eu não sabia o que era, porque era uma criança. Mas alguma coisa naquela criança ameaçava a estabilidade dele. E ele sempre foi muito violento comigo em relação a isso. Mas eu não entendia, porque não tinha sexualidade envolvida na minha cabeça. Eu não praticava, não realizava. Pelo contrário, eu realizava com meninas. Não via motivo para ele ter essa preocupação, mas ele tinha. Deve ter observado algo que eu nem sei o que foi.
De volta para a música: seu trabalho mais recente, Atento aos Sinais foi produzido antes da onda de manifestações no Brasil, em 2013. E o disco parece dialogar com aquele momento: "Fogo, fogo, fogo, água / Incêndio nas ruas / bomba, bomba, bomba, praça / Vielas, ratos, figuras, nuas", você canta em Incêndio; "Isca de polícia, farda de sardinha / A carapuça serviu / A batina caiu / Bloco carnavalesco, pitoresco Brasil" , diz a letra de Tupi Fusão.
Foi quase uma previsão. Já tinha o ambiente. Eu, ingenuamente, achava que estava me referindo à Primavera Árabe. Depois percebi que não era lá, era aqui.
Aquele movimento também foi um início das transformações que levaram o Brasil a este momento conturbado?
Foi a fagulha que faltava. E aconteceu ordenadamente. Era uma coisa que não podia ser combatida, porque foi ordenadamente, até que entraram os... Que você não sabe de que lado que são. Os baderneiros. É conveniente que se comece a quebrar tudo para que a repressão aja.
Você diz que o Caetano Veloso foi o primeiro artista que te impressionou de verdade. Por quê? E isso aconteceu alguma outra vez?
Nunca mais. Só ele. Estou falando de 1964, porque já tinha a ditadura militar, e ele fazia um show da Rhodia (empresa francesa que realizava apresentações grandiosas na década de 1960), com Rita Lee e Gilberto Gil. Eu fui na única sorveteria de Brasília, dentro do único hotel de Brasília, e quando estou na sorveteria, o Caetano sai inteiro vestido de cor de rosa. Rosa era uma cor que jamais um homem colocaria na viradinha da meia do pé esquerdo. Ele estava de rosa do pescoço ao pé, porque ele saiu com o figurino do show. Eu nunca tinha visto. Era uma afronta! Mas o impacto que ele provocou dentro de mim foi positivo, então o que eu pensei foi "poxa, se eu fosse artista, queria provocar isso". Fiquei todo tocado, mexido, estimulado. Se eu fosse artista, queria provocar algo assim. Eu não queria copiar aquilo, mas fui aceso por aquilo.
Falando sobre outros artistas, muitas vezes você foi comparado a David Bowie, seja pela questão performática, pela questão sexual ou pelo talento de interpretação. A comparação lhe agrada?
É... Mas há uma única diferença: ele é inglês e eu brasileiro. Muda. Eu o admirava, assim como admiro Mick Jagger. Mas nunca procurei ser ele. Eu era eu. Muito mais abusado do que ele, vivendo num país abaixo de uma ditadura e desrespeitando a autoridade. É diferente de uma pessoa que nasceu na Inglaterra, em que tudo pode.
Qual é a importância do sexo na tua arte?
Não, na minha vida. É muito bom. Eu gosto, é a liberdade primeira do ser humano. No sentido desse desnudamento diante de outra pessoa e um encontro de almas, porque eu penso que é isso. E igreja nenhuma me impedirá de exercitar.
Houve uma época em que você não conseguia dormir sem transar.
Sim, eu era ninfomaníaco. Isso foi nos anos 1970, mesmo. Mas passou...
Como é atualmente?
Não vou dizer que virei um santinho, porque não virei, mas não tenho mais essa ansiedade de não poder dormir se não realizar. É diferente, mais calmo, mas sou disponível para o assunto. Estou solteiro. Não me caso mais.
Por quê?
Não gostei, não gosto. Vou dar um exemplo bem bobo: se estou casado, estou sentado lendo, a pessoa vem, entra no meu quarto, fala comigo, eu paro de ler, respondo. Daí, continuo lendo. Ela volta a segunda vez, pergunta outra coisa. Na terceira vez, eu paro de ler.
Você nunca compôs nada?
Eu já compus duas letras, mas sou muito crítico e nunca nem cantei.
Fala-se muito sobre o processo criativo de um compositor. Como é o de um intérprete?
Vou procurando músicas que são compatíveis com o meu pensamento, e me pergunto "se você tivesse feito, teria feito isso?". Esse é o meu critério. O que me move a gravar uma música é a letra. Nesse momento, estou selecionando músicas que já foram gravadas por muita gente, cantadas muitas vezes, mas é o que está me interessando. Estou pegando tudo o que gostaria de ter cantado até hoje e ainda não cantei. Vai ser meu próximo trabalho. Estou despreocupado de lançar, se vão gostar, estou fazendo o que me dá vontade de fazer. Eu Quero é Botar meu Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio, O que Será, na versão que a Simone cantou, A Maçã, de Raul Seixas... Vou dar a minha versão dessas músicas já tão cantadas. Mas não tenho essa preocupação, nunca tive, de ter exclusividade de nada, de querer coisas inéditas.
Não só de músicas...
É tudo uma grande bobagem! É estrelismo bobo.
Nas relações amorosas, exige exclusividade?
Dou direito a... Eu libero. Embora seja muito difícil.
Aos 75 anos, você se sente velho?
Não, nem um pouco. Sou flexível, sou maleável, consigo dançar, tenho fôlego, faço 1h40min de show dançando. Saio cansado, mas eu saía cansado quando tinha 30. Isso também está mudando. A cronologia humana está mudando.