Uruguaiana, dezembro de 1972. Segunda edição da Califórnia da Canção Nativa. Um dos grupos mais importantes surgidos nos anos 1970 conquistava a Calhandra de Ouro: Os Tapes. A canção: Pedro Guará, de autoria de José Cláudio Machado e Cláudio Boieira Garcia. No palco estavam, além dos autores, Waldir Garcia, Rafael Koller e Luiz Alberto Koller. O grupo ainda teve entre as finalistas Funeral Guarani, de Rafael Koller e Waldir Garcia, e Peão Velho, de José Cláudio Machado e Álvaro Barbosa Cardoso.
A milonga Pedro Guará é mais uma das canções imortalizadas pelo festival uruguaianense. Ainda hoje, nas rodas de violão dos ambientes nativistas, pode-se ouvir aquele refrão, quase um lamento, que introduz a canção em seu arranjo original. Aquele "ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô..." é tão visceralmente parte do canto quanto os versos que compõem o texto musicado. A sonoridade d'Os Tapes naquele momento (o grupo passaria por várias formações), além dos arranjos vocais, contava com os violões de Cláudio e Waldir, o bombo de Luiz Alberto, o magistral bandoneom de Rafael Koller e a interpretação daquele que viria a ser consagrado como uma referência do cantar do homem do campo, José Cláudio Machado.
O festival apresentava, como já acontecera na primeira edição com João Campeiro, de José Bicca e Aparício Silva Rillo, considerando apenas as canções finalistas registradas nos respectivos discos, os seus personagens. Mais tarde surgiriam: Gaudêncio Sete Luas, Leontina das Dores, Candinho Bicharedo, Florêncio Guerra...
Voltando a Pedro Guará: algo que chama a atenção é a melancolia de seu ambiente musical contrastando com a alegria do personagem que "passando plantava alegria, o riso ficava quando partia". Pedro Guará, de vida aragana, mateava à espera do tempo chegar. Assim como semeou o riso, partiu sem deixar rastro, voltando à terra para não mais cantar.
Seguiremos nós, ouvindo a excelência d'Os Tapes. Cantando a esperar que chegue o nosso tempo. E sempre será tempo de cantar Pedro Guará.